segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Pega a maleta e sai. Está atrasado. Está apressado. Tranca o apartamento e aperta várias vezes o botão do elevador. Chega, entra, três vezes o botão "T". Confere as horas no painel do elevador, 08:10. Começa a pensar em como isso foi acontecer, plim, as portas abrem. Sai quase correndo e quase atropelando o porteiro. Tem que andar até a estação e pegar o trem das 08:15; perdido pensando nisso, dá um esbarrão em um maltrapilho, sua mala cai e o maltrapilho em cima. Fala um xingamento qualquer, não tem tempo para pensar em um. O maltrapilho levanta-se agarrado à maleta e a entrega depois. Pega a maleta e vai. Agora num passo mais rápido, o tempo mais apertado. Nas escadas da estação ouve um tic-tac chato que o lembra de olhar o relógio, 08:15. Ótimo, pensaria se tivesse tempo mas apenas anda ligeiro, passa a roleta e entra no metrô, pensa no que vai dizer ao chefe, tenta se lembrar de algo que está cutucando-lhe o cérebro. Nada. Duas estações depois há algo cutucando-lhe também os ouvidos. Tic, tac, tic, tac. Ele veio tentando ignorar esse barulho desde que pegou o metrô, não dá. Olha novamente o relógio, 08:15. Bate com o indicador de leve no vidro do relógio, fica um pouco confuso e finalmente lembra-se, o relógio parou na manhã anterior quando chegara no trabalho. Tic, tac, tic, tac. O som continua mas não vinha do pulso, vinha de algo abaixo dos dedos. A maleta fazia esse barulho irritante, ele aproxima do ouvido e ouve nitidamente: tic, tac, tic... Tarde demais.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Inclinado na cadeira, os pés na escrivaninha, um braço também. Olha o céu como procurando algo, falta-lhe uma palavra pra definir como está, usualmente se diz entediado. Não é isso, nunca foi, mas faz parte. Pensa em escrever uma situação cotidiana mas seu cérebro rejeita a ideia. Lembra-se que disse algo sobre inventar uma ideia. Devaneia olhando as árvores ao longe. Pega o teclado, apoia-o nas pernas e escreve em seu blog. Na mesma posição.

Antes eu fosse tão iludido assim...

Ou é essa a minha ilusão?

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Ou você muda as regras ou aprende como Deus joga os dados.
Mas a água do meu chuveiro não é salgada...

Eu tenho o que muitas pessoas querem.

Quem tem o que eu quero?

sábado, 18 de dezembro de 2010

Confesse

você gosta dessas mentiras, não é?

Com o tempo

Esqueço a consistência do silêncio,
a eloquência do calar.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Com o tempo
volto ao início
e vejo
tudo quanto precisava
já estava aqui
.Eu.
Exclui e restaurei.
Sério, que diferença fez?

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

E se a morte não soubesse que é a morte
e trouxesse em seu beijo a mensagem dos anjos
e não carregasse a foice com sangue coalhado
das vidas ceifadas em seu caminho cego?

E se a morte fosse apenas alguém sem norte
que sonhasse ou buscasse um eterno arranjo
que também recontasse todo o seu passado
e se ela criasse, do nada, um outro alter-ego?

E se a morte entrasse em sua vida como o sol?
E se ela lhe sorrisse e lhe piscasse nas manhãs
como o flerte com alguém que você desconhece?

E se ela estivesse tão perto que você não a visse?
Ou tão lhe incrustada que nem mesmo a sentisse?
E se a morte fosse você e você não soubesse?

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Dialética

É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho linda
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz
Mas acontece que eu sou triste...

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Quando a idade corroer-te além do aceitável
além, muito além, de todo sentido humano
perceberás que a vida em nada é admirável
e que o mundo não passa de divino engano

Está na ruína do teu corpo o único sentido
No teu coração estanque a triste resposta
No ocaso da mente o teu paraíso perdido
E na crença de uma alma tua última aposta

Quando o tempo levar tua alegria de viver,
Talvez seja tempo de não viveres mais
Dias se arrastarão da manhã ao anoitecer

Noites se consumirão na tua falta de paz
E não pense que havia algo mais a perder:
Era tua última chance. Outra terás jamais.

domingo, 14 de novembro de 2010

Uma nova semana, uma nova mentira, a velha máscara...

"Vejo minha morte em você"

Sinto

minha falta
Não consigo nem ao menos me importar o suficiente pra dizer que pouco me importo.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Às vezes chego a achar que sou o único insatisfeito aqui
os outros, no máximo, estão.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Todo dia me questiono se é certo

E toda noite tenho certeza que o é
E, depois disso tudo, ainda continuo jogando sozinho.

O homo erectus resumia tudo a nádegas

Cada despertar aumenta minha insatisfação.
Cada novo dia, uma nova decepção.
'Tão dizendo por aí
que eu me vendi
'Tão dizendo por lá
que me deixei comprar
Disseram que nem fiz meu preço
que já queria desde o começo
Disseram que para a proposta
um sim enérgico foi minha resposta
Errado, como sempre, fui interpretado.
O que posso dizer? Tenho preguiça de me defender.
E mesmo que não tivesse, pra que?

domingo, 7 de novembro de 2010

Eu corro, tentar alcançar.
Eu morro, tentando mudar.
Socorro, tentado a desistir.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

'Não, não me diga mais nada. Não quero mais saber'

e com essa frase ela terminou. O que? Tudo, como ela disse antes - 'está tudo terminado'. Por que? Obviamente ele perguntou, mas apenas para receber resposta nenhuma e (re)perguntar depois(obviamente para si dessa vez), ao que, obviamente, recebeu resposta alguma. E daí? Daí que acabou tudo e ele não sabia porque (talvez nem ela). O que fazer? Disso também não sabia. E se importava tanto com isso que desequilibrou a balança comercial. Culpa do déficit de atenção. Talvez tenha sido por isso que ela terminou. Ou não. Como ele iria saber? Ele não prestou atenção. Imprestável mesmo. E daí? Daí nada. Acabou.

"Seu cabelo está ficando menos ruivo a cada dia"

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Veja só,
esse fim de tarde azul e amarelo, comum, normal,
banal.
As coisas do mesmo jeito que estavam,
madrugada acesa,
manhã apagada.
Um dia,
um dia,
um dia.
Os outros foram embora.
Embora não tivessem motivos
nem pra ir
nem pra voltar
talvez motivações tenha faltado
tenham se esquecido
mim de si
sorrir
mentir
dormir
e vez ou outra aquele sorriso malandro
de quem escapou da morte por pouco.
Um pouco.
E passo a tarde ali
a cuspir meu desprezo no telhado

"Estamos indo no cemitério, quer ir?"

"Não, prefiro esperar mais alguns anos antes de ir pra lá." - 10 minutos depois de acordar me aparece alguém com uma pergunta dessa, beleza...
"..."
"Por que?" - Acho que a resposta deveria ser algo como 'deu vontade' ou 'para matar o tédio' enfim, não foi o que disse...
"Ah... Você sempre quis saber onde foi enterrado o..."
"É" - E ainda quero, só não estou com vontade de fazer isso agora que acabei de acordar, ainda preciso do café...
"Então, vem?"
"Já estou quase um, né?" - Confesso que exagerei, um defunto não tem olheiras, barba torta e uma cara de peixe morto. De morto talvez, de peixe não. - "Vão fazer o que lá?"
"Acender velas pros mortos"
"..." - ...
"Vamos?"
"Não, não..." - Claro que não vou, o cemitério estará infestado de vivos... Droga, o servidor está offline... Não, não. Ir não é uma opção.
"Ok"
Ela sai da sala e começa a descer as escadas.
"Mãe, olha o número."
"Tá, tá."
Retire-se essa metáfora como rolha de garrafa.
Retire-se essa louca e alucinante comparação.
Hipérbole retire-se. E hipérbato também.
O que temos? Um texto cru e frio, é um recém-nascido.

domingo, 31 de outubro de 2010

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

"Das macht nicht"

"Quê!?"
"Não importa."
"Claro que importa."
"O que?"
"O que você disse."
"Não importa."
"Ahn?!"
"É o significado."
"Ah..."

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Acorde mais cedo.

Você acorda, olha o relógio. Hora de sair. Ir pro trabalho, escola, universidade, não importa, de qualquer jeito você tem que ir. Ou não tem? De um jeito ou de outro, você vai. Vai e passa o dia trabalhando, estudando, zoando, dormindo, passa o dia de qualquer jeito. E vai fazendo isso durante todos os dias da sua vida(salvo domingos e feriados). Até que você para e pensa: Será que valeu a pena fazer isso? Mas antes que você se responda, você morre. No atestado de óbito não aparece a causa mortis. Poderia ser ataque cardíaco, acidente vascular cerebral, câncer no fígado, overdose de Toddy, não importa, de qualquer jeito você morre.
Todas as lembranças foram queimadas
Junto com as cartas
por não me fazer compreender
prefiro nem dizer

domingo, 17 de outubro de 2010

Acho graça das pessoas.
Sei de coisas que elas nunca saberão.
Claro que elas também sabem de coisas que nunca saberei.
Algo que a maioria não sabe e que torna isso mais engraçado, é esse fato.
Erros cômicos nessa tragédia...

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Estrada

Você vai pensando em voltar.
Você vai desejando muitas coisas.
Você vai e encara.
Você vai e dá à tapa a cara.
Você vai e conquista algumas coisas e desiste de coisas outras.
Você vai cair.
Você não se rende e vai.
Você vai e não volta.

domingo, 10 de outubro de 2010

Erdolchen

Você apenas sente o metal frio perfurando rapidamente as suas costas e roubando o calor do seu sangue.
Você fica tão surpreso que não sente dor.
Você se lembra que só uma pessoa sabia onde você estava.
Você se sente traído. Seus olhos perdem o foco, começam a ficar molhados.
Você fecha os olhos, transforma as lágrimas em ódio.
Você abre os olhos, tira a faca de suas costas, deixa seu sangue escorrer.
Você recolhe-se às sombras, guarda seu ódio, lembra-se que deve esperar pra conseguir o que quer.
Eu espero.

sábado, 9 de outubro de 2010

Felonia

Idiota, deixei-me enganar. O sorriso cordial do cordeiro compartilha dos mesmos dentes do sutil chacal. Vingança, é o que penso a princípio. Nada além do dever do leão. O problema é que não fui o único a ser enganado, mas fui o único a perceber a farsa. Raiva. Atacou, fingiu arrependimento e prepara-se para atacar. Maldito. Não dei ouvidos aos meus aguçados instintos. Enquanto minha boca o amaldiçoa em cinco línguas diferentes, meu cérebro pensa em uma forma de descreditar o desprezível ser. Aceitei seu arrependimento e agora a matilha não me dará ouvidos. Fúria. Preciso me focar. Controlo-me. Concentro-me. Farei como todo bom predador. 'Esperar pra atacar', xeque.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Areia

Estava cansado de vê-la. Metade de sua visão era amarela. A outra metade, azul, céu. Estava cansado de andar também. Ele sabia o que acontecera até ali, só não tinha coragem de lembrar. Sua visão se tornou toda amarela, andava cabisbaixo. Pensava em quais seriam as chances de sair vivo dali. Uma em milhões? Hoje lhe parecia o dia das improbabilidades.

Acordara em seu modesto apartamento, pegara a moto pra ir até uma cidade vizinha, dera carona a um estranho que pagou pela carona com um almoço em um restaurante, sentira-se tonto e acordara no meio do deserto com o leve barulho da areia movendo-se pela vontade do vento.

Sobe duna, desce duna. Fome. Faminto. Sede. Sedento. Sobe duna, desce duna. Azul, amarelo, amarelazul. Sobe duna... ? Uma caverna? A baixa força do vento permite que ele veja um vulto recostado na entrada da caverna. Aproxima-se. O vulto desencosta-se das pedras e acena. Algo lhe diz para sair correndo dali, deixar-se afundar na areia, queimar-se mais ao sol, qualquer coisa que não envolva entrar naquela caverna. Não obstante, se aproxima da caverna. O vulto? Um homem de cara velha e corpo jovem. Um sorriso entre os cabelos brancos e as bochechas bronzeadas. Ele segue cambaleando até o velho que lhe segura quando tomba para a frente. Lembra-se de ver uma pequena mudança no sorriso antes de desmaiar.

Acorda, agitado, está dentro da caverna. Noite. Sente um cheiro de algo sendo feito numa fogueira. Esfrega os olhos. Segue o cheiro até a entrada da caverna, onde o velho está sentando esperando que os lagartos fiquem prontos. Ele se aproxima hesitante mas resolve sentar ao lado do velho. O velho estende-lhe um lagarto fumegante que ele começa devorar sem demora. O velho indica um cantil com a cabeça. Ele bebe-o avidamente. Frescor... O velho levanta-se, "Agora você está pronto.". Ele não entende o que o velho quis dizer. Mas o velho dirige-se novamente a ele - "Levante-se". Ele mal se levanta e antes que esticasse suas mãos para tirar a areia das calças, o Velho enfia-lhe uma adaga em seu abdômen. Seu coração dispara mas tudo que ele consegue fazer é olhar a face do velho que demonstra pena, a mesma pena que demonstram os adultos ao verem uma criança perder o brinquedo. As coisas permanecem nítidas tempo suficiente para que ele veja o velho mover um dedo até os lábios como pedindo para que ele fique em silêncio. E foi o que ele fez, ficou em silêncio.

Não.

Não vou aceitar suas verdades prontas,
abaixar minha cabeça e pedir perdão.
Não vou me contentar só com isso,
mesmo sendo tudo o que tenho.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

I walk away from everything with just a smile.
Outra noite que passo encarando o teto. Fazia tempo que não o fazia. Faz-me lembrar de coisas passadas e de presentes sem valor. Volto até minha última lembrança. O resto foi queimado por proteção, medo ou diversão? Não sei. Não me lembro. Também não me lembro daquilo que tanto ansiei. Sei que algo fará com que venha à tona... Enquanto isso a escuridão substitui o teto. Mas só para meus olhos pararem de arder. Afinal, ainda estou aqui.

domingo, 26 de setembro de 2010

Dali, sentado, observava indiferente o movimento crescente.
Perdido em seus devaneios pouco lhe importava o que se passava.
Ultimamente pouco lhe importava.
Suas lembranças ardiam em sua cabeça.
E, olhando o pó, não se lembrava de nenhuma. Pareciam todas iguais.
As que não se subjugavam à vontade do fogo só tinham suas letras realçadas por um belo contorno luminoso.
Ele só queria apagar o fogo.
Levantou-se e bateu levemente nas calças.
Deixaria isso para mais tarde.
'antes do que nunca' não é o que dizem?

sábado, 25 de setembro de 2010

E esta tarde, que nada queria, fez-me verter lágrimas. Dúbias
E voltei pra casa fazendo o que não deveria. Ouvindo meus pensamentos.

Chuva

A chuva veio e levou toda minha maquilagem.
Deixando visível um rastro de dor.
A chuva caiu e não me derrubou.
Deixou-me envergonhado me mostrando os meus pecados.
A chuva caía solenemente.
E eu deixei que roubasse meu calor.
A chuva demonstrou coisas ocultas ao sol.
E eu perdi o meu medo da chuva.
A chuva lavou minha vergonha
e não levou nenhuma lágrima, nem uma.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

mais um docinho
mais um minutinho
um pouquinho
só, sozinho.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Odeio quando o som das preces humanas invade meu quarto. Odeio? É, chego a odiar. E Também acho engraçado e sinto pena. Pena? Soa mais como "Tsc... tsc...". De qualquer modo, o dia trazia um ar electrizado, pressagiando uma noite daquelas, especial. O peso do sol e o calor do dia me obrigaram a dormir. E dormi como uma criança mimada, um adolescente despreocupado, um adulto vadio, um velho dopado. E só dormi.

Finalmente as preces deles chegaram ao meu ouvido, não que eu estivesse longe, moro um pouco ao lado e acima deles. A música, em sua maioria com voz esperançosa, invadiu meu quarto e já sabem o quanto odeio isso. Só não sabem o quanto fiquei grato por ser acordado no início da noite, uma noite só lunar, cheia de lua.

Primeiro organizei meus pensamentos e logo fui verificar se a lua não estava no lugar errado(de acordo com meu relógio). Descobri que no meio de meu velado sono não pude ouvir sua chamada. A ligação marcava um horário de duas horas atrás. Liguei para ela. A conversa terminara com ela me mandando dormir mais um pouco, ao que respondi sim; afinal,o que mais eu diria? E é claro que eu iria mesmo dormir, tão logo terminasse meu serviço.

Rendendo-me ao doce sussurrar, saio para contemplar a minha fonte de inquietações e imã de meus instintos. Ah... Volto para dentro só para buscar o que preciso, e uma rápida olhada no espelho me encheria da convicção necessária. Invés disso, como um revés sádico do destino, vejo o fim iminente de meu contrato, vejo isso pelo sangue que começa a escorrer de meu nariz. Parei a mão por reflexo e como dotado de propriedades magnéticas, sangue atraia mais sangue. O intervalo entre a queda das gotas só diminuía enquanto a poça amorfa aumentava suas proporções. Queria um frasco, um vidro, um recipiente. Não sei se por medo de desperdiçar meu precioso sangue ou para guardá-lo como lembrança de minha vulnerabilidade ou até mesmo para ter um souvenir exótico. E o sangue me fascinava, já podia me ver refletido nele, e ficaria ali durante horas não fosse a tontura que me atingiu...

Passei o resto da noite assim, com o nariz tampado por papel higiênico, olhando para a lua com triste admiração e com a resignada tristeza de que hoje, nesta noite perfeita, não iria me divertir ao luar. Ah...

Foda-se

Em uma carta endereçada a ninguém,
xingamentos até que convém.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Suposições do autor

Sou um sujeito tido como inteligente. Um sujeito sem oração. Complexo ou simples? Indeterminado. Oculto é o predicado. E o que se diz do sujeito não o coordena. Suas subordinadas, as frases, adverbalizam em acordo com seu verbo. Exempli Gratia é uma derivação imprópria de seu potencial. Uma restritiva de um outro período. E por justaposição, está na ponta da língua aglutinando adjetivos e vocativos. E numa voz ativa e imperativa, subjunta e indica as explicativas exceções. Talvez, chegue o substantivo a ser mais que uma substância cosseno sentido.

Plodido

Eu não posso explodir. Eu não explodo.
Por que?
Simplesmente por não existir nesse tempo.
Ah.. De indignação contida, meu estômago revira. Implodo.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

stói

O seu obrigado é o bastante.
O teu, não é nem gratificante.
Ao seu sorriso, sorrio em reação.
Ao teu sorriso, fico sem ação.

Você

Tu fazes, ele faz.
E você?
Pega o que ele já fez.
Eu?
Não se preocupe pois tenho o que fazer.
E eu faço.

Se esperto me

Deixe-se enganar pela minha aparência.
Deixe-me chegar mais perto.
Entregue-se sem resistência.
Entregue-me o título de esperto.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Detalhes

Andando por aí, estaquei encantado com uma figura na sacada de uma varanda. Tinha um ar delicado de selvageria. Cabelos brilhantes. Apoiada em seu braço como contemplando o horizonte, esperando que algo aconteça, a leve daquela vidinha tediosa. Seria uma pessoa de beleza estonteante... Se não fosse uma estátua. Olhando com mais atenção, percebi que não se movia, desprovida do sopro da vida, talvez fosse isso que esperasse. Resignado, abaixei minha cabeça e me preparei para continuar andando por aí. E com um longo suspiro ela resignou aquela espera. Ergui minha cabeça rapidamente, quase não acreditando. Mas só rápido o suficiente para ver aqueles reluzentes veios dourados sumirem por entre as portas...

Tardes

Pergaminho no chão.
Paciência em vão.
Pergaminho na mesa.
Trabalho, com certeza.
Pergaminho no céu.
Cor parecida com mel.
Invenção de quem não quer véu.
Prende-me e me pune como réu.
Sabe? Aquele maravilhoso jeito de ser cruel.

sábado, 7 de agosto de 2010

Quem és tu?

Tu que foste usado, admirado, exaltado, abandonado. Trocado por ninguém mais ou menos que você. Você que é com quem falo mas se conjuga e julga como também assunto, de quem falo? De você todos falam, e falam com você. Agora, tu ficaste aí no canto, sem ninguém que te diga algo, que te teça elogios, que te teça em palavras, que te aqueça, que te engrandeça abusando de hipérbatos e hipérboles... Ah... Outrora, foste a donzela, o alvo do amor e, sobretudo, alvo da fala. Outrossim eras o cavalheiro, alvo de elogios e ameaças, e o cavaleiro, alvo e corajoso. E eras se passaram até que você tomou teu lugar. Um aperto me ocorreu, onde estarias tu que não encontro mais? Tu, ó... foice.

Espelho, espelho meu.

Quem engana mais? Você ou eu?

Perdido

Eu me perco em mim
e tentando me achar
perco o meu tempo.

Oh!

Miraculosamente consegui abrir aquela lata de coca (aquela que antes era latinha de 1-real - e agora já era a latinha de 1 que custava 1,30 mas eu ainda conseguia por 1) olho para os lados verificando se há alguma possível (quis dizer provável mas não fi-lo por preguiça) ameaça. Nada. Para cima... Nada. Começo a relaxar... Para baixo! Passo um bom tempo olhando para o chão. Um bom tempo... Um bom e longo tempo... Um bom e bem longo tempo... Certo... Nada. Lembro-me da noite anterior e de quanto passei mal. Ainda acho que não foi o suficiente para eu conseguir a proeza com a coca(coquinha). Talvez seja um empréstimo...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Tachim!

O céu estava claro e os pássaros cantando, uma manhã linda que também seria incomum se eu não estivesse com dor de cabeça. Vou para a aula e fico espalhando os meus germes pela sala. O coro aumenta a cada espirro com um "Saúde!" cada vez mais efusivo. O dia passou no piloto automático apesar da dor, vez ou outra, me trazer para a superfície de minha consciência(ou o mais próximo disso que posso chegar). Eu deveria ter melhorado rápido com tanta "Saúde!". Mas o pior veio à noite... Não uma dor insuportável... Só muito incômoda. Pensar me era impossível . Minha cabeça estava inundada por uma gosma que segurava minhas ideias e impedia meu pensamento de voar. Meu nariz? O inferno de boas intenções...

domingo, 1 de agosto de 2010

Inverso

É como o poeta escreve
Mas só aquele irônico
Que escreve o contrário do que quer escrever
Não seria assim uma missa?

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Má drogada

Olha essa madrugada
Chega como quem não quer nada
Se infiltra no relógio, nas festas, na casa
Para alguns concede cobertura, outros, asa
Impetuoso, o tempo anda
Maravilhosa, ela canta
Desejo tão intangível e distante
Tanto quanto essa madrugada massacrante
Madrugada que envolve aqueles sem banho
Com uma névoa que atrapalha eu que não sonho
Para essa névoa desaparecer
Tenho que esperar o amanhecer
Outra vez. Talvez.

Soldier

Ver o brilho se esvair dos olhos de uma pessoa é comum para um soldado. Do seu lado ou do adversário.
Observar o escurecer de seus próprios olhos é incomum. Para qualquer um.
Os olhos fundos agora, as cores se misturaram e pararam de dançar. O verdadeiro soldado. Por sua causa...
Seus olhos, obstinados e objetivos. Conseguem ver fundo em outros olhos. Pecados, segredos, vontades. Por pouco não pode ler seus pensamentos. O preço? As cores, os contornos, o foco.
Alguém lhe disse: ninguém pode ser amaldiçoado por ninguém.
Há tempos que ele não é alguém e agora paga pelo que ninguém fez.
O tempo, seu cárcere. A visão, sua maldição.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Veneno

Seria fácil dizer que é doce e lento. Fácil e mentiroso.
Primeiramente vi de relance numa esquina. Não parei, continuei andando, eu tinha que fazer... O quê? Nada. O que perderia se voltasse? Parecia ser tão agradável. Voltei. Conversei fingindo desinteresse. Logo descobri nomes de conhecidos. Richard e Adam Otis, tios distantes que estavam por vir. Descobri sabores de chicletes desconhecidos. E que segunda iria demorar, mas eu já começara a me envenenar.
Aproxima-se de uma droga, quanto ao vício, mas disso não passa e chamar de droga seria um pecado. Não igual das capitais, tampouco um pecado do interior. Mas mesmo assim um pecado. Pecado maior era o que o veneno fazia. Viciante. Dominante. Impiedoso. Prazeroso.
Viciado. Cada semana me saciava e me tornava mais faminto. Maior a minha necessidade de sentir isso.
Com o tempo descubro que a alternativa ao veneno é a insanidade. Não que não seja loucura se envenenar. Não, não. Também não espero que chegue a compreender isso.
E isso te mata. Deliciosamente, lentamente.
Reze para não me entender.

Valor

Quanto vale uma vida?
Vale-transporte?
Vale-alimentação?
Só não vale correr antes da sinalização.
Quantos vales em uma vida?
Sobe e desce, não vale desistir.
E quem vale está na vala.
E quem não vale se leva na mala.
Valha-me carrasco!

Elevadores

São legais e engraçados.
Não, são só legais (desde que funcionem correctamente, sabe como são as leis, né?) e engraçadas são as situações.
O daquele prédio não tinha aquelas setinhas legais de deixar a porta aberta e de fechar rápido que ,na verdade, só serve para amassar as outras pessoas(supondo que você seja uma pessoa) serve para sair rápido dos andares em que o elevador para por vontade própria (pessoas que chamam o elevador e correm são lenda, folclore brasileiro). Enfim, no lugar das setas, tinha um "AP" e um "FP", 'que raios é isso?' - pensei quando subi de elevador.
Vi uma mulher apertando o FP para fechar rapidamente a porta. Aquilo ficou em espera na minha cabeça até a hora de sair. E, subitamente, tudo fez sentido, claro que eu fiquei mais familiarizado com o clima nesse tempo. Era tão óbvio que achei graça.
"Fecha Porra!".

terça-feira, 13 de julho de 2010

Sinner

Finalmente comecei a cometer pecados, capitais. Ontem foi a vez da gula. E ser guloso aqui na capital... É recheado. Chega a ficar num estado túrgido.
As coisas aqui são maiores. Carros maiores, árvores maiores, prédios maiores, pessoas iguais. Tem aqueles bilhetes nos postes
"Trago seu amor de volta em x dias"
Maiores, é claro.
Até as chances de você ser atropelado são maiores. Em cada cruzamento é uma putaria de ruas. Na rua Curitiba, vejo o horizonte e não acho nada de belo. Mas ele também parece maior por aqui.

domingo, 11 de julho de 2010

Dormir

Há tempos que não durmo efectivamente. O que ainda faço são vestígios de uma época de sonhos e pesadelos. Talvez apenas um hábito ou só para aliviar meus olhos. É como deitar e fechar os olhos, e permanecer deitado e fechados os olhos. Uma ideia infiltra-se nessa escuridão e é ruminada até que eu abra os olhos, geralmente por ela me incomodar a ponto de eu fazer isso. Acordo? 'Acordo' com visível falta de sucesso em descansar e com algo me incomodando. E me conformar? Prefiro me dopar com café e fazer exercício de olhos vendados, até o sono ser uma necessidade. Novamente.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Dia

O dia sorriu antes de acordar. E continuou sorrindo depois, os pássaros em voos harmônicos e silenciosos, o sussurrar das árvores, uma brilhante e ofuscante pérola no mar alto. Vou para a aula. O dia continua sorrindo deliciosamente e uma descrente de Et's resolve dar o ar de sua (des)graça. Os pássaros somem. As árvores parecem mortas. O mar se torna pálido, a pérola diminui seu brilho e o concentra em mim. Parecem pedir. Parecem implorar. O dia sorrindo maliciosamente. A corrupta saca minha intenção. Eu... é, eu. Saco da minha arma imaginária e dou-lhe um tiro. "Dar-te-ei mais se levantar". Não a visualizo morrendo. Um tiro rápido e silencioso. Voar. Sussurrar. Azul. Iluminante e acolhedor, o dia sorrindo deliciosamente...

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Tentou gritar mas o máximo que chegou à sua boca foi um gosto estranho, ruim e salgado. Saiu pra noite. O céu parecia tão equilibrado. E ele tão desvairado. No céu, as estrelas brilhavam, simples e delicadamente. Em sua face, seus olhos dançavam, febril e insanamente. As nuvens cobriram o céu enquanto as lágrimas embaçavam sua visão. Relâmpagos rasgavam o céu. Ele, sua carne. O vento bagunça seu cabelo. A inteligência desordena sua cabeça. Suas mãos sobem à cabeça. Ele grita até ficar sem fôlego. E seu grito é abafado por um trovão distante...

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Café

te deixa em pé
pronto pra qualqué
problema que vié
coisa boa até
e como diz o Zé:
só não é
melhor que muié
num é?

domingo, 4 de julho de 2010

"O quê você perdeu aqui?"

Encarando aquele rosto desconhecido com aquela barba por fazer. Lembro-me pouco de quando não a tinha. De quando ela ainda era um sonho. E de quando eu tinha sonhos.
Depois disso, as noites ficaram mais escuras quando não via nada ao fechar os olhos, nada além de escuridão.
Sempre tive o que queria. Agora não sei o que quero. Talvez uma arma. Talvez um lar. Talvez asas. E esse talvez me impede de ter. Talvez...
Essa pergunta. Feita de modo tolo e brincalhão. Mas... Realmente... O quê eu perdi aqui?
Aaaa... Ah! Pego a lâmina e faço a barba. Enquanto me corto, ouço as pessoas pedindo perdão pelo que gostam de fazer. Sendo hipócritas e outras coisas que as pessoas comumente fazem em uma igreja. Gritando para Deus como se ele estivesse longe. Talvez ele tenha se afastado da humanidade. Talvez ele esteja aqui em casa. Posso ouvi-los perfeitamente daqui.
Talvez eu não queira encontrar o que perdi aqui. Talvez eu não queira saber o que perdi. Talvez eu queira perder a sanidade novamente. Talvez seja a única sensação que vale a pena. Talvez...

Son altomotivo

Mantendo a fé na inteligência humana, neguei-me a crer que a pessoa errara. Procurei por um significado oculto, obscuro, provável. Não poderia crer, improvável essa escura incultura; haveria sim um significado.
Son altomotivo... Hum... talvez inglês...
Filho altomotivo... Hum... talvez a preposição esteja implícita...
Filho do altomotivo... Hum... talvez esteja numa ordem inversa...
Filho do motivo alto... Hum... motivo que vem do alto... talvez algum desejo divino... ou alguma divindade
Filho divino.
Decerto foi o que ele quis dizer... Hum... Que cara engenhoso, esperto, inteligente. Foi difícil descobrir. Merece aplausos.

Look

Olhe quão ridículo está sendo.
Olhe esse cabelo ruivo perdendo a cor.
Olhe essa sua vã esperança.
Olhe seu tempo passar.
E quando se cansar de olhar,
feche os olhos e comece
a ver realmente.
Acorde
Levante
Vá jogar água nessa cara
Esbofete-a levemente,
tente acordar
Olhe para o espelho,
tenha certeza de ser você
Mais água,
mais tapas
A mente se recusa a lembrar
mente para seu dono
Apague essas velas
ela não vai voltar
Aconchegue-se no escuro
E espere até descobrir
que tudo de que precisa
é de um banho
de verdade.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Acordo pior do que esperava. Esperava acordar mal mas não tanto. Dormi cedo, acordei tarde. Dormi mal, acordei pior. Parecia que um prego estava enfiado em minha cabeça. Fui no banheiro só para certificar. Encarei-me no espelho. Não, não havia um prego na minha cabeça. Só dor. Fitei meus olhos. Olhei para mim. Olhei eu. Meu interior. Eus.
Tirei a blusa e fui para o lado de fora. O sol tocou-me de leve, tímido, com receio, vergonha ou medo. Mas logo, como tomado duma insensata coragem, envolveu-me. O calor penetrava em minha pele. Inspirava-me, rejuvenescente. Retirei o resto de minha armadura e dancei... Lenta e puramente. Tocando o sol, tocando a mim, tocando a melodia silenciosa em movimentos harmônicos e randômicos, naturais e caóticos. A dor dissipara-se.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Algo

Meus pés ardiam e fraquejavam, menos que os da personagem do livro, bem menos mas ardiam. E, ao contrário dele, eu não andava para sobreviver. Não fisicamente. Talvez eu tenha uma necessidade doentia de me aventurar. Eu poderia pegar um táxi, um ônibus, pedir carona, me teleportar. Não, não poderiam me teleportar mas só porque isso fritaria o cérebro de umas três pessoas(considerando que só tenha três pessoas lá). Talvez um seja louco ou inteligente o suficiente para entender. Então estava eu andando na cidade escrevendo algo para postar no meu blog. Este algo. Aqui.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Manhã

Enquanto perdiam seu tempo sendo hipócritas, eu aproveitava o sol.
Estavam dentro de um ginásio, gritando, marchando, hasteando bandeiras.
Chegavam a ser engraçados, depois reclamariam por falta de tempo.
Ah... Sol. Calor, me aquecendo na medida certa.
Quente o suficiente para se fazer notar.
Fresco o suficiente para não incomodar.
Como uma mão macia em sua face.
Respiro fundo...
Incômodo cheiro de fumaça.
Abro os olhos e procuro algum borrão cinzento no céu.
Ele está perfeitamente azul, a mudança de tonalidade é tão subtil... Quase imperceptível
Talvez apenas fosse eu queimando fosfato. Tenho que pensar menos nas coisas.
Ah... o brincalhão Vento... Vem delicado e firme, dissipando um pouco do calor.
Como uma mão acariciando sua face.
Inspiro...
O ar está bem melhor.
Aquele cheiro de admirações velhas e novas promessas.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Cheia

Oh lua! Lua dos desejos. Dos sentimentos. Das paixões. Das emoções...
Ardente ódio. Único amor.
Convida os amantes para dançar. Seduz os dançarinos para amar.
Obriga os reprimidos a se soltar. O brilho oculto a faiscar.
Desejos por corpo, corpos, carne, calor, sangue, amor.
Acolhedora e carinhosa, acolhe a todos com seu luar.
A cidade e seus pequenos atores.
A jovem e seu querido namorado.
O escravo e suas correntes no trabalho.
O dançarino e sua solidão dançante.
O assassino e sua adaga cintilante.

Luna

Ó luna, uma de minhas poucas paixões.
Fascinantes tuas mudanças. Inspirantes tuas cheias.
Fazes coisas se mexerem dentro desta carcaça.
Emoções. Instintos. Inquieto fico. Incontrolável desejo.
Uma faca afiada, de um único gume. Tenho que virá-la para mim.
Ou a dor será muito menos física com cicatrizes muito mais profundas.
Extinto desejo? Apenas saciado até a próxima...
Ah... Jogastes-me aqui, com esses alienígenas. Punição?
Mas é daqui que posso te admirar e te adorar. Benção?
Seja o que for, não posso mais andar olhando para cima.
Puxo o capuz. Abro e fecho as mãos, aliviando a tensão.
Solto o ar com um sorriso torto.
Sabe? As ruas andam tão perigosas...

Inspiração...

Expiração...
Inspiração...
Expiração...
Inspiração...
Conspiração, é o que parece. As coisas acontecendo certas demais. Tudo em seu lugar, demais. As pessoas coadjuvando da maneira certa, o tiro nojento do pássaro que te erra. As árvores rindo enquanto olha para o lado. Distração e o céu é arrastado. Vira-se, e alguém pinta o céu de azul. Não se vira, e alguém planta um carro na rua. Você é atropelado para encontrar alguém no caminho para o hospital. Você é testado até passar mal. Por maldade ou sadismo, fazem essas coisas tortas. Malevolência. Por sorte ainda...
Expiração...

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Sombras

Se eu te dissesse pelo que passei
quanto de dor poderias sentir?
Se eu te dissesse o que eu senti
por quanto conseguirias sorrir?
Se eu te dissesse o que vi
quando teu ódio iria explodir?
Com essas memórias mortas,
essas promessas quebradas.
Nada importa quando já se exportou.
Já se vendeu. Já se arrependeu.
Quebre a memória, prometa à morte.
Eloquente, quem vai duvidar?
Sapiente, quem vai provar?
Esqueça. Enlouqueça, sem pensar.
Salvação há, quanto está disposto a pagar?
Pagamento a vista.
Visão cansada.
Cansaço permanente.
Deite. Olhe para o teto.
Ele tem sua salvação em chãos.

Hot

Poderia contar o segredo
mas tiraria toda a graça.
Dizer que sou quente,
por enquanto, já basta.

Minha fraqueza

Você não pode descobrir.
Minha fraqueza que está para emergir.
Por vir.
Ferir.
Sorri
despreocupado, ainda não encontram.
Não podem.
Escondida por baixo de uma máscara, sem culpa.
Presa em seu interior, sem boca.
Em sua pele,
sinais denunciadores.
Quem suspeitaria?
Quem (des)cobriria?
Num pretérito imperfeito, cheio de lacunas, conto sua estória.
Deixo que completem perfeitamente e mais que perfeito esse pretérito será.
Sem se contrariar. Armas prontas e descontraídas. Traição.
Os nervos contraídos de dor, o preço, e de estase, pelo resultado.
Fora isso, as outras fraquezas são fortalezas por si junto.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Eles

Ela estava lá sozinha, novamente. Ele também deveria estar lá, perto dela, mesmo lá. Ela, sua preocupação e seu medo que demoraria a sumir, um medo diferente. Medo de que algo acontecesse ou tivesse acontecido com ele, essa era sua preocupação. Aquela angústia, aquele frio. Queria que ele chegasse para dissipar seu frio e sua pequena morte. Quão longe ele estaria? As lâmpadas iluminando seus retorcidos desenhos faciais, contendo o choro e andando para lá e para lá. Agora ele sabe deles. Eles são eles. Não mais é, no singular. O tempo continua com sua silenciosa e assassina tortura. Pega seu celular, liga, ninguém atende. Manda uma mensagem, esperançosa. 5 minutos depois, uma ligação. Explicação. Ele já está vindo. Alívio.
Ele está longe e não faz ideia de como chegar lá. Ele acabou de falar com ela que logo estaria lá. Ele precisa dar um jeito. Antes ele precisava mesmo colocar a roupa, estava pelado em um banheiro que viu apenas uma vez antes. Precisava de um banho, foi essa a desculpa para sua atual condição. Resolveu deixar isso pra lá e tratar de se deixar lá também. Vestiu-se e com uma cara de pau impressionante foi descolar uma carona. Não queria deixar seus colegas para trás mas ela era mais importante, ela é mais importante. Conseguiu uma carona, cinco pessoas com ele. Queria se desculpar com os colegas mas não teve tempo para tanto. Não gostava e puxou assunto com o pessoal do carro; achou que por chegar a ser um sacrifício para ele, seria uma forma de agradecimento. Trinta minutos. Chegou antes do esperado. Excelente. Indo em direção à casa dela, tira o celular do bolso. Confere algumas coisas e faz uma ligação.
Ela atende. Melhor assim, bem melhor. Ele já está subindo.
Eles se encontram. Ela se despreocupa ao tocá-lo e saber que ele está bem. Ele se preocupa ao abraçá-la e lembrar que ela estava preocupada com ele. Ocupam-se em matar. Matar a saudade. Matar a vontade. Matar a ansiedade. Ou fazer dela prisioneira ou prisioneira dela, ansiedade. Brincam apontando estrelas, planetas... Vênus? Marte? A lua estava linda. E a escuridão, acolhedora. Protetora também. Estavam dentro dela, faziam parte dela. E pareciam um único corpo grande e de forma inconstante. O frio já não os alcançava. Ela os envolvia. Eles se envolviam. Não sairiam dali tão cedo. Ou foi o que pensaram até uma luz atravessar a escuridão. Foi uma invasão mansa e lenta mas ele se afastou de forma abrupta. Já era tarde. Começou um fluxo de pessoas conhecidas e desconhecidas. Eles não querem se separar. Eles se despedem.
Ela ficou durante horas abusando de seus dotes musicais e de sua resistência.
Ele saiu com aquela sensação estranha de estar esquecendo algo. Olhou dentro da sua mochila, tudo estava no lugar. Colocou a mão no bolso, nada. Colocou a mão no peito, nada. Nada!? Foi aí que percebeu o que estava deixando para trás. Mas sabia que quem ficou com ele o manteria aquecido e pulsante. Alegre, sorriu. Pensando que depois voltaria para ver como ela cuidara do seu coração.

Prosopopéia babilonesca

Não achei o que estava procurando. Achei que era hora de parar de procurar. Achei que era hora de escrever algo no meu blog. Acho que estou devendo alguns textos. Acho que não dão tanta importância para isso e posso procrastinar à vontade. Talvez fosse só a vontade de procrastinar. Falando. Enrolando. Distorcendo. Conformando. Persuadindo. Incapaz de parar antes. Talvez curiosidade. Talvez (im)possibilidade. De qualquer forma ou de uma outra forma, talvez até uma forma qualquer, a leitura prossegue. Numa discussão num restaurante com uns colegas, algo sobre a (in)existência de algo. Um afirma que não existe. O outro que existe. Assisto e bagunço. Um ataca com algo do tipo "Sabe o significado? Não? Então não existe.". O outro se defende dizendo que aquele argumento não é válido. Eu bagunço perguntando (inocentemente, é claro.) "Alguém sabe o significado de Deus?". Ignoram-me. Um afirma que tem um cara que usa mas foi o cara mesmo que inventou. O outro insiste que esse cara apenas usa e é algo já criado há médio(nem muito, nem pouco. Sabe?). Assisto um ou o outro. Minha assistência só resulta em fervorosa competição. Quem está com a razão? Nesse ponto acho que já atrapalhei o suficiente e a partir daqui vão se atrapalhar sozinhos. Assisto. A discussão deles não tem tanta graça. Pena eu não ficar sem graça perto deles. Talvez fosse mais engraçado. Simples. É uma questão. Enfim... Sabe como é, né? Melosquência.

Moon

Enquanto esperava minha amada,
a lua me acompanhava.
Em sua face trapaceira, um meio sorriso largo e branco.
Zombeteira,
caçoando de minha solidão.
Acolhedora,
esperando comigo.
Os amantes da noite.
Os amantes na noite.
Apaixonados.
Entrelaçados.
Acorrentados.
Encantados.
Aprisionados.
Até que o sol os separe.

Carrega...

Sucumbindo a idiotas tentações, se marcando, queimando-se para não esquecer, para não enlouquecer.
Protege sua sanidade dizendo coisas tão banais, coisas triviais.
Supressão da dor.
Sublimação do pavor.
Eloquência louca.
Demência rouca.
E o desejo inerente, a vontade ardente, no corpo ausente, inconstante...
Demente.
Não mente, oculta.
Não sente, desculpa.
A culpa não oculta as cicatrizes.
Diretrizes para seu violento tormento.
Suporte a morte, mais que sorte.
Proteção.
Protegido pelo acaso do ocaso alheio.
Abençoada maldição.
Soa bem. Atira. Escuridão.
Em vão...
Mal dita benção

Às vezes

parece-me que todas as outras pessoas fumaram maconha.
me parece que a queda já está chata e o chão não chega.
sinto falta de não sentir falta.
fico imaginando se as pessoas são só isso ou são excelentes atores, com alguns casos de má interpretação.
Mas idiotamente engraçadas, decerto são.
Aquele hino que naquele evento me soa tão irônico, beirando o sarcasmo. Perguntam seu aniversário durante o ano inteiro para esquecer na véspera. Dizem que o importante é competir quando perdem descontentes. Almejam pouca e esquisita glória. Vangloriam-se. Quando cruas e nuas, fracas e expostas, negam de qualquer maneira. Inventam um mistério. Ninguém conhece ninguém. Alguém não conhece alguém. Quem? Respondem essa pergunta com um nome. Não me lembro de ser um nome... Ou quem não é você? Não és tu? Não sou eu? Não é eu? Quem não és tu? Não posso negar que são criaturinhas fascinantes. Conseguem arrancar de carcaças um pouco de emoção. Desprezo.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Banimento

Bane-me daqui, já que eu não posso me banir, não no presente...
Explodindo de indignação não posso explodir. Tampouco demolir algo.
Como se a ação nunca existisse, só pode ser planejada talvez comentada quando já feita.
Todos podem estar fazendo, planejar ou já tê-la feito. Ninguém a faz.
A ação nunca realiza. Nunca se realiza.
Explodo no ataque. Demolo o adversário. E, por tédio, daqui me bano.

Dor de cabeça

Surpreendentemente acordei sem. Foi algo tão inesperado que não consegui assimilar instantaneamente, fiquei tonto e sem equilíbrio e por mais que eu tentasse cair na cama novamente, meus pés não deixavam, inexoravelmente estáveis. Parecia com aquela cena em que leva um soco surpresa na cara e não acredita até que os óculos façam barulho contra o chão e o galo cresça. Nesse caso ele cantou. Manhã.

Tanto faz

Ou faz tanto, de qualquer forma pouco importa. E se importa pouco não enriquece. Enriquecendo-se de várias formas. Várias coisas em um dia. Um dia cheio de coisas sem sentido. Tenho sentido que estou com muita sorte, mais que o comum... As coisas estão em ordem, coisas boas acontecendo... Não gosto disso. Soa falso até. Como se algo muito grande, um desfecho decepcionante estivesse para acontecer. Talvez eu esteja apenas paranoico, demais. Outrossim pode ser minha paixão pelo Caos. Forma de qualquer, do ataque a tensão antes sinto. Como recebendo um soco, o estômago virar. Tanto fez.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Apenas...

Com o cair da noite, desceu a névoa. A névoa cobria as outras pessoas mas permitia que eles se vissem, que eles só se vissem. E se aproximavam, primeiramente com tímida vagarosidade, foram acelerando, se olhando, correndo com necessária paixão... Quão grande foi a decepção quando se chocaram com uma parede transparente, dava até pena... Mas inabalável era aquele desejo, suas bocas mexeram tentando dizer algo, não havia o que ouvir(e nem poderiam, o vidro não deixaria), estavam ofegantes, seus hálitos embaçavam o vidro. Uma mão desesperada para ver seu amor tentava limpar o vidro e percebeu, quase que por acaso, que poderia escrever no vidro e se comunicar. E ficaram escrevendo e se entendendo a noite toda até o primeiro raio solar perfurar a névoa tal qual uma vil lança flamejante que trespassa sem piedade. E as seguintes tão agressivas quanto a primeira. A névoa rasgada demais para se manter, começou a desaparecer juntamente com a transparência do vidro. Pessoas surgiram, sons ecoavam, o vidro enegrecia. Tentou tocá-lo num gesto de despedida. Elevou a mão e ela nada tocou, era apenas uma mancha escura, densa, tensa, intangível. Apenas escuridão...

domingo, 6 de junho de 2010

Noturno

A cidade estava em ordem, a noite fria, meu corpo quente e minha cabeça um caos. Para variar, é claro. Achei que precisava dormir mas como isso não iria acontecer, fui tomar um banho. Impressionantemente fiz com que o caminho até o chuveiro demorasse 9 horas, talvez por eu ser evasivo demais e tentar desviar até do tempo. O que só me faz perdê-lo. Durante essas horas vi algo. Se você o visse diria que suas lágrimas eram tristeza e seu tremor frio. Eu o vi e sei o que era. Olhei nos seus olhos da única maneira possível e não tenho coragem de narrar tal miséria mental. Olhos suplicantes e firmes, orgulhosos demais, tentando esconder sua dor e seu pedido mudo por silêncio. Engoliu tudo com uma boa dose de (in)sanidade. Desmaiou. Era demais para sua cabeça.

Job

Parado há 3 meses, passou a gostar daquele estilo de vida. Seus instintos foram congelados. Estava olhando admirado para o céu que tinha um fundo azul com pinceladas vermelhas, lindo. Seu telefone toca. Um trabalho. De volta aos negócios(como se ele tivesse alguma escolha). Não percebeu que alguém limpara a tinta vermelha do céu. Apenas entrou em casa, acariciando seu cachorro.

sábado, 5 de junho de 2010

Room

Estava lá em seu quarto, janela aberta, as mãos na nuca, cotovelos na quina da janela, cabeça abaixada. Sua cabeça, ao contrário do quarto, estava cheia. Pensava em tanta coisa que não conseguia entender. O suave som do vento ecoava em seu quarto, em sua cabeça. Levantou a cabeça rapidamente, na esperança de ver a lua. Não, ela não estava lá. Apenas queria vê-la, admira-la. Mas o impetuoso céu que antes movia nuvens negras, apenas parou cinza, sólido. As árvores não se agitavam mais, o vento sussurrava em seu ouvido. Seus olhos chegaram até suas mãos, sua arte. Era o suficiente. Fechou a janela. O estrondo preencheu o quarto por tempo demais, barulho demais. Não gostou desse som.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Ela

Ela estava lá sozinha, sabia bem disso. Lá. Ele também estava lá, longe dela, outro lá. Ela, seu medo e sua pequena e frágil esperança que logo sumiria junto com a luz do seu monitor. Ficaria no escuro com seu medo, no seu medo. Aquela escuridão, aquele frio. Queria apenas chegar rápido ao seu quarto. Mas é tão longe... O monitor iluminando seus belos traços, deixando-a pálida e realçando sua beleza. Seu rosto aparenta preocupação crescente e a areia escorre rápida e pesadamente na ampulheta. Ficará só. Suas mãos estão geladas, e por mais que tente, não consegue aquecê-las. Não sozinha. Ele não pode aparecer. Então ela espera que alguém a livre desse medo... É só aguentar mais um pouco... A luz do monitor some lentamente... Ela olha pela janela desesperada. Acabou a luz. Está sozinha, como já estava. Não, agora está mais sozinha. Sente-se sozinha. Recua até encostar as costas na parede e escorrega até o chão. Quieta, agachada, tremendo de frio e medo. Fecha os olhos fortemente esperando não que acabe mas que ele apareça e a ajude com o seu frio e seu medo. Principalmente seu frio, é o pior. Começa a cantar uma música baixinho para se acalmar. Uma música deles. Uma música que ela escolheu para eles e ele nem sabe. Ele nem sabe deles. Uma mão a agarra pelo braço e a puxa de seus sonhos. Está no seu quarto, suada, quente demais. Nunca sua segurança fora tão insegura.

Eu, mim também.

O que tenho não passa de mim.
E eu sou tão pouco sozinho.
Eu, eu, cabe em Deus, cabe em ateus.
Eu que não cabe em parte mas vem no fim de perdeu.
Mas eu tento caber em mim, pois se eu não caibo, o que será de mim?

sábado, 29 de maio de 2010

O casamento

Já estava próximo ao fim, eles faziam os votos. A noiva já proferira sua parte. O homem estava acabando: ...na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte nos separe. Beija! Beija! Beija! São os gritos eufóricos dos convidados. Beijam-se, um simples beijo por convenção. A esposa desce sorridente do altar. O marido a observa, só felicidade. Ela vira as costas para os convidados, se prepara para jogar o buquê e sorri para o marido. Ele corresponde mas logo sua face se converte numa feição de ausência, ausência de ar. Coloca a mão no peito e escorrega até o chão com uma expressão de aceitação e calma, ausência de vida. A viúva estava surpresa demais, chocada demais, colorida de menos. Esqueceu de chorar, seu queixo esqueceu de cair, esqueceu-se das outras pessoas, mas a gravidade não se esqueceu e o buquê cai levemente no chão enquanto ela pensa no último beijo que deram... A morte os separou. A morte os separara.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Gosma

Era uma gosma legal(para os leigos, algo parecido com uma gelatina gosmejante[movimento que as gosmas fazem]) e, como as outras gosmas, gostava de aderir(uma capacidade gósmica). Em um (não-)belo dia enquanto aderia um humano por...? Ela também não sabia. Expeliu-o com um som sufocado e gosmejou sem rumo. Decidira não aderir as coisas, às causas, as consequências, às coisas. Não mais.

domingo, 23 de maio de 2010

De mim para eu

Mim não estuda, o ano passa para mim. Mim tem que poder querer. Mim tem que poder. Mim tem que querer. Mim poder querer. Mim querer poder. Poder de conjugação.
Mim escrevendo uma carta para eu, mim não podia escrever, eu escrevi para mim.
Mim espelhado: mim. Mim é mim e não pode ser. Mim não pode ser sujeito. Mim não pode ter. Mim sendo primeira pessoa é egocentrismo? Não... egocentrismo dizem que é eu em primeiro lugar...
Mim reparou. Mim não repara. Talvez estraga, estrague, trague. Eu reparei, nas notas, aquele "Deus seja louvado." é o que está escrito, para muitos serve como "eu seja louvado" mas não em público, é claro. Deveria ter algo do tipo: A humanidade seja louvada. Enquanto sentimento e não nós, é claro. Algo que estamos perdendo... de qualquer forma, mim não acha nada. Apenas resolvi(eu) escrever algo para eu, mim não fez, apenas pediu de um modo passivo, que não o colocasse como sujeito, para eu escrever. Fazendo-me um favor a mim próprio mesmo eu, fiz.

De eu para mim escrever.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Democracia

Não me lembro de ter votado para chover, ao menos não tanto. Talvez não seja mesmo uma democracia. Apesar de encharcado e de não estar pingando, consegui comprar o livro. Quando saí, é claro, o sol reluzia zombeteiro. Recontagem de votos, sem dúvida.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Ni

os dias tem passado rápido demais... sem significado demais...
fiz a barba, fiquei barbudo, afeitei-me...
preso num doentio e idiota loop, cansado disso.
Admirando belezas intangíveis, tonto...
Tal coisa me aquieta, prende minha atenção, não me deixa pensar, não me deixa olhar para o outro lado, luto contra o encantamento, mas que encanto de beleza!
mundo podre e coisas bonitas ou mundo bonito e coisas podres?
Tanto faz, né? O que isso tem a ver com seu sorvete?
Dilúvio... ah...
Realmente prefiro usar deveras.
Deveras sei que me condenei a isso, diferentes textos, mesmos contextos...
E por quê mesmo? Trocas, treco, apostas, apóstatas, apóstrofe. O sussurro, no banco traseiro, chamando novamente, chamando docemente, última chamada, hora da caçada.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Picolé

Sabe quando está quase virando um?
Enfim... sabendo ou não ainda é frio.
O corpo tremendo, a mente ardendo, troca injusta de calor.
Mesmo assim não sente, está com frio, está frio, e ainda parece só um sonho idiota.
Algo distante e sem importância.
Tenta transpor a distância.
Anda, corre, coração aperta, coração dispara... e daí? Nada.
Indiferente, insensível, impossível...
Da corrida um tropeção, do cansaço o chão.
Deitado, desesperado por algo, sua visão embaça...
Impotente.
Longe de ser inocente, decide, desiste, e espera que provem que esteve errado, o todo tempo.

Contexto

de um texto sendo o próprio texto seu contexto, contexto ou com texto? Com (con)texto complexo (co)operante com causas certamente concisas no começo. Transformando-se, se revelando. Prolongando. Procrastinando. Prometendo. Iludindo. E em mais poucas palavras, prolixo. Um trote sem significado, ausente em sentido. Esperança. Tempo perdido?

domingo, 9 de maio de 2010

Cotidiano

Levantar, esquecer, fingir,
mascarar, descer, mentir,
demonstrar, conter, sorrir,
apanhar, receber, ingerir,
revidar, dissolver, digerir,
olhar, entender, intervir,
separar, entreter, divertir,
sonhar, perder, colorir,
ganhar, vencer, pedir,
lembrar, doer, sentir,
deturpar, ler, iludir,
imaginar, voar, descansar,
vadiar, morrer, morri...

Levanta, mente, esqueci.

sábado, 8 de maio de 2010

Saudades

de coisas que achei sem perder
de viver um futuro que não vai acontecer
de pessoas que não conheço por não poder
de não ter para onde mas sempre correr
de mim fazer algo e eu descansar

saudade, sabe?
das coisas que não sabia que tinha antes, tampouco depois, de tê-las perdido, ou seja, não tê-las.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Dia do pagamento

para alguns é o dia 5 de cada mês... Ainda não me pagaram.

Tenho feito coisas esquisitas desde o inicio desse mês e aprendido coisas mais esquisitas ainda. As pessoas começam um pedido de ajuda exaltando a qualidade que pretendem explorar "Alberto, você que é inteligente, resolve isso aqui para mim." ao ouvir isso já pensei "se pudesse, minha inteligência sentiria-se ofendida com rude persuasão" e lembro de outros exemplos... "você que é forte, carrega isso para mim." "você que é rápido, vai ali e faz isso pra mim."
O mês começou com um feliz dia do escravo. Cronos, o grande escravizador. Vi algumas (im)itações do que faço, acho que não achei muito quanto a isso. Abracei jesus numa sexta-feira, ao menos disseram que era ele. O detalhe que era uma peça teatral é importante? Não... importante seria se fosse uma peça de um quebra-cabeça(ou cabeças, depende de quem tentar...)
Tem pessoas que gostam de apanhar também... esquisito... só não mais que o dia hoje. Lindo, o céu azul claro com algumas nuvens e o sol todo preguiçoso, suspeito. Até que o dia não foi tão ruim para começar tão bonito. Ao menos não foi para mim. Chato até, ruim não.
Descobri que ser acordado no meio da última aula para reescrever um bilhete de atraso por ter perdido a primeira aula deixa-me bem tonto. São complicadíssimos de um modo simples. Onde está escrito para fazer algo, faça exatamente o contrário(Salvo algumas exceções). "Motivo: Algumas coisas e coisa alguma. Não é um fato isolado, só um elo de uma prolixa e hermética corrente distorcida pelo tempo. Na falta de espaço, uma simples conclusão: ônibus." O carrasco arma a guilhotina "Quem procura acha, né Alberto?" "ahn?" "Complete(ou conserte...) isso aqui" olho para o bilhete e na maior inocência, sem entender ainda a situação "ahn... sou meu responsável?" digo olhando receoso para o final do papel que continha um espaço para assinatura do responsável e para a data. O algoz com intenções maléficas vagarosamente retira um bilhete igual, porém em branco, que estava por baixo do outro. "Reescreve direito." "ahn... e direito seria como? Ônibus?" "É" Ok... começo a escrever... "Sabe, não vivemos sozinhos no mundo." começa o verdugo com aquela tentativa asquerosa e idiota de conscientizar alguém... "Tô sabendo." "Também não vivemos sozinhos no mercado de trabalho" "Tô sabendo" "E você deveria estudar mais" e blábláblá (in)²teligível "Mais? Qualquer coisinha já é mais. Estudo nada" "Por isso não sabe de nada" coincidentemente a última cartada do tirano encerra-se com a última palavra de meu bilhete. Olho com aquela cara de peixe que não sabe que já morreu(a cara de peixe tem sua eficácia comprovada com a cara de surpresa/susto/outra coisa qualquer e esquisita que a pessoa faz ao vê-la, essa cara de peixe era algo com uma sobrancelha arqueada e a boca em um meio sorriso para o lado contrário) coloco a caneta sobre o bilhete e saio.
"Ótimo... agora vão achar que devo alguma explicação... quem sabe no próximo dia 5?"

quarta-feira, 28 de abril de 2010

(in)saturação

Uma marca do mal? Tramando e matando humanos entupidos de gordura nas veias? Maionese... Hellmann's "HELL! MAN!" parece algum trecho de uma música satânica. Essa empreitada organizada por loucos agentes a fim de manter a gente em um número controlável. Só como pelo Omega 3. Imagine o que fazem com o dinheiro... deve servir de gorjeta para os que ficarem calados e de salário para os assassinos caso alguém fale demais. São perversos, matando as pessoas lentamente e de uma forma com que não se preocupem até ser tarde demais. O dinheiro também deve ir para as pesquisas sobre doenças cardíacas, para desvirtuá-las é claro. Sempre descobrindo algo que faz mal aos vasos (ovos, falta de exercício, dengue[acho que esse são para outros vasos...]) para depois "descobrirem" que nem faz mal além do normal. Poderiam ser mais diretos com ataques de bombas ou centros de suicídio voluntário e comunitário(centros espalhados, é claro.) ou para continuar a temática da maionese, um ataque com bombas de maioneses afogando as pessoas(omega 3, peixe...), até mesmo uma tsunami de maionese... deixo outros tipos de terrorismo com maionese para sua imaginação. Que viagem... claro que isso não passa de suposições idiotas e tontas. É... ainda continuo viajando na maionese.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Conteúdo

sem importância, pelo que fazem, não pelo que dizem. Escolhem pela forma e beleza. Apresentando teórica simetria, bem sofisticado diria. A arte dos sofismas talvez seja inerente a alguns ou inerte seja o raciocínio de quem é enganado(ou deixa enganar-se, ou se engana). E como numa síncope seguida de espasmos assistida com indiferença pelos que aplaudem quem indiferentemente faz algo, a arte da prolixidade se revela ou se esconde ou somente se prolonga sem nunca fazer menção de explicitar algo sem cobrar das sinapses o seu trabalho. Tal arte(por um artista ou um arteiro?) impressa nos textos meus nunca impressos, causando a impressão de estarem de certa forma expressando algo impressionante. Meus textos, textos meus, meus testamentos. Deveriam ser encarados com articulado asco e expresso repúdio porém, a miríade de miragens miscível à miserabilidade mirim, que se míngua por miraculosa miopia de minutas mirabolantes, mima os miolos.

domingo, 25 de abril de 2010

(In)salubre

Frequentes tem ficado as dores, fora de sintonia, meu peito e o resto do corpo. É, não são aquelas velhas dores de cabeça, esquisitos são os dias em que não as tenho... talvez seja apenas uma dor de cabeça que vem me visitar com certa frequência(desnecessária, admito.) e talvez ,pelo conceito de alguns, seja minha amiga. É, presente em quase todos os momentos, nos difíceis, fáceis, indiferentes.
Os médicos devem gostar de ping-pong, ao menos me senti no meio de um jogo desses enquanto era consulta, exame, consulta, exame, consulta, consulta, exame, resultados...
A cardiologista disse que meus resultados foram anormais, estava com mais vigor que um adulto. Péssimo... dores sem uma causa aparente.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Amanhã

Essa coisa que não existe e sempre está presente. Esperanças vãs, sonhos, ilusões. Tanto quanto o tempo, a vida dominada por ilusões. "Amanhã, hoje não tenho tempo" nunca temos, ele não é seu, ele é uma ilusão, não deixe se iludir, se iluda. Só atrase, deixe para amanhã o que pode e o que não pode fazer hoje, deixe tudo para amanhã, descanse, você não merece. Suspeito que a sua criação foi um mero acaso por falta de espaço entre o "a" e o "manhã" quando alguém dizia que a manhã vai ser boa, se juntar quem fica errado é a "boa". Falta de espaço entre as manhãs, falta de tempo amanhã. Só lembre-se de deixar lembretes para que se lembre dos planos para amanhã e aproveite pois o dia depois de amanhã será frio. Os sonhos amanhã, as tarefas hoje... assim vai e sim, a manhã passa, cai a noite, amanhece, hoje novamente, cadê o amanhã? Sua rotina viciosa, minha vidinha ociosa. Mesmo lado de moedas opostas. Não aposte tudo que tem, não vai ganhar... não esperando pelo amanhã. Apenas viva ignorando tal fato, apenas faça o que fazem, o que você acha que deve fazer. Espere pacientemente pelo amanhã. É fácil, é simples, é normal, é passivo, algo que você vai fazendo, fazendo e pára amanhã quando não consegue mais abrir os olhos. Consegue. Não conseguir. Não é infinito, é só amanhã.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Vento

Vem, Vem, Vem
Vasto, Valendo Vestes
Vai, Vai, Vai
Varrendo Vassouras, Velando Vindouras
Vento, Vento, Vento
Vento Virulento, Violento, Verídico Furacão que fura a emoção como se ela não houvesse(existido), nunca.

Só só

Estava no alto de uma montanha encostado em uma árvore, tão grande que parecia um monte(não sei se um monte montanha ou um monte de árvores), que com seus vigorosos galhos me protegia da sensível e gélida chuva, uma brisa constante e fresca aumentava a sensação de frio, gosto de frio, gosto de calor, gosto de sentir, mas naquele momento eu não me importava. As estrelas são tão admiráveis e faziam apenas o fundo para aquela lua cheia, branca, cheia de beleza e magestade. O níveo luar parecia um preguiçoso facho de luz vindo vagarosamente em minha direção, e chegando, tocou-me de leve e começou a roubar meu calor tão suavemente, tão delicadamente que fiquei extasiado, não reagi, não queria reagir, não sabia reagir, não poderia reagir. Ao meu lado, o copo de café emanava uma fumacinha e uma aura de calor e ainda estava cheio e eu não sabia mais disso, eu não sentia mais isso... sentia apenas o doce frio que estava se apossando de mim e... um som estridente!? TRIIIM... O alarme de incêndio do prédio vizinho. Estou recostado em uma cadeira com uma mesa ao lado. O sol quente e incômodo em meu rosto, abafado, tudo tão transformado, tudo tão mutado, tão errado... e na mesa algo ainda igual, alheio a tudo isso, um copo de café. Igual, emanando sua fumacinha e aura e, é claro, cheio disso.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Sem assunto

específico, é claro... pois não ter um assunto já é o próprio assunto.
Algo do tipo: querer escrever e não querer os assuntos que já sabe.
É, o problema não é de todo não saber o que escrever ou não ter sobre o que escrever, algo um pouco mais simples e muito mais incômodo
É como querer tomar um refrigerante tendo um monte na geladeira e sabendo que não é nenhum daqueles... não, não é como isso...
É algo mais parecido com o algo mesmo próprio em si reciprocamente.
Muitos rabiscos não transcritos, muitos escritos sem rabiscos
Transcristos? Cristos modificados e com novos objetivos e meios...
O fato de não se ter um assunto e ter uma imaginação doentia e, até certo ponto, insaciável é perigoso... para a sanidade é claro. Ou talvez, talvez ou, permitir a criação de coisas muito esquisitas... perigoso tal vez, ou várias vezes, para a realidade. Só não irei explicar o que é essa tal de realidade. Para entendê-la, o básico é não entender basicamente nada porque não entendendo os sentidos das coisas, as coisas não precisaram de um sentido... e envolve muito menos que isso mas é menos complexo de explicar e dá preguiça... falando assim pareço ter um quê de inteligência... não se engane. Quê de inteligência é QI?

Voltando ao assunto que, por acaso ou por manifestação divina, não existe... é o mesmo que voltar ao nada? Claro que é não. Algo perigoso? Uma folha em branco. Uma mente em branco. Devo ser algo perigoso... talvez mais melanina na mente resolva... provável que não.
Quando alguém acorda ao meio-dia, seu almoço é seu café da manhã ou seu café da manhã é seu almoço? Afinal, tomamos café da manhã ao acordarmos, não? Não. Alguns não comem quando acordam e nem depois...

Melhor mudar para outro assunto, que tal falar sobre aquela manhã que disse a alguém que gostava daquela flores roxas e ela me respondeu dizendo que aquele carro vermelho era bonitinho? Ou era engraçadinho? Ah... tenho uma péssima memória. Ou uma memória pessimista, pois lembro exatamente do primeiro soco na cara que recebi. Só de lembrá-lo, sinto meu rosto arder, sinto cada um dos dedos tocando minha face com desonesta força, sinto que meus óculos voaram, sinto-me tonto, sinto nada, "sim, tô de pé"... Talvez eu me vingue, provável que não... Mas aquilo foi certamente desonesto e bem certo na minha cara.

Acho que o melhor é esperar algo para escrever sobre... droga! Perdi de novo. Acho que acho tanta coisa só para poder perder tanta coisa.

domingo, 18 de abril de 2010

Embriaguez

Acordo, dormi pouco, dormi mal, vi muita coisa antes de dormir(ou foi durante? talvez quando acordei...)Me senti, senti-me, senti a mim, senti eu, eu senti algo entrando na minha cabeça como álcool em um jovem que nunca bebeu antes, ficando tonto e fadigado, sem prazer, bebendo para aparecer... mas não quero aparecer, quero é que essas coisas desapareçam. Parece que estou sempre cansado, sempre tonto, que estou bêbado ou que esse mundo está tão bêbado que fico tonto só de olhar...

Estava de saco cheio, não queria sair hoje. Forçaram-me a arrumar-me e ir para aula, ou ao menos até o caminho para lá... Parei logo em cima da linha do trem, esperava algo... Talvez o trem, talvez alguém, talvez um sentimento de culpa pelo que estava prestes a fazer... não adiantava, não considero como algo tão importante, difícil sentir culpa por isso, difícil sentir culpa, difícil sentir, difícil... livrar-me desta dor de cabeça.

Queria acabar com o tédio, algo legal para fazer, me divertir, alguém com os mesmos defeitos. Começo a andar pela cidade, normalmente... deveria sentir culpa ou andar de um jeito diferente só por estar matando aula? Acho que sim... mas não fazia nem ideia de como fosse ou como seria ou como é, de qualquer forma, continuei andando daquela mesma forma.

Passei por várias pessoas, andei devagar, corri, parei para aproveitar um facho de sol... um ônibus veio para cima e pulei logo para o outro lado da rua, ele ao menos poderia ter deixado que eu aproveitasse mais um pouco ou até mesmo parar o ônibus e deixar todos aproveitarem o sol e sentirem seu calor, algumas pessoas não sabem que o sol existe até ele queimar-lhes a cabeça. As pessoas precisam mesmo de sol, não por serem frias mas por estarem mortas, precisam queimar, precisam sentir, preciso sentir. Viver.

A sombra e o vento esfriavam mais meu corpo, várias pessoas(para não dizer todas que vi) com blusas grossas e volumosas. Acelerei o passo, não que eu quisesse me esquentar assim mas havia uma urgência no ar algo dizendo-me para correr... uma pressa que rapidamente se dissipou. Desde que tinha dado meia volta na linha do trem, achava que estava indo para algum lugar e como de costume, errei a posição, estava indo para lugar algum. Neguei o instinto de me sentar na sombra de várias árvores que vi para chegar cedo demais, esse tempo só nos cega... afinal, deve ser esse o trabalho de uma ilusão, não é? Iludir.

E não se iluda com o que digo, ainda sou o vilão. Deveria ser preso, condenado à prisão perpétua, pena de morte, enforcamento... Pessoas morriam, coisas morriam... Matei minha aula, estava matando meu tempo e deixando que eu morresse lentamente... homicídio quintuplamente qualificado, promessa de diversão, um motivo fútil, veneno lento e letal ,impossível qualquer reação e para ocultar crimes anteriores... só não tenho com que me preocupar; estou no Brasil.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Lembranças

Meus olhos começaram a se embaçar, os barulhos de conversa, de folhas, de giz contra o quadro foram substítuidos por batucadas e risadas. Não me viela pois estava em mim, vi as cartelas de ovos, a porta semi-aberta, a poeira iluminada pelo sol. O vi e viela, elas que ele tanto comentava brincando, foi com tantas coisas pendentes e eu não entendia como as coisas funcionavam... Não entendo... Meus olhos foram amaldiçoados e almatirados. Mácula permanente. O miasma humano visto.

759

pessoas estavam concentradas nesta manhã, claro que estavam amontoadas. Não, não tinha personagens únicos com características especiais que salvariam a todos ou somente sobreviveriam enquanto jazidas vermelhas se multiplicavam.
Também não tinha um herói que resolveria tudo sozinho, tampouco um mártir se sacrificando para os outros serem salvos. Não tinha uma esperança. Não tem um final feliz.
Apenas tinha pessoas tendo um dia normal, ouvindo notícias, lendo o jornal.Será que se alegrariam em saber que estariam nas capas e manchetes no dia seguinte? Tinha um lugar vago naquela excursão, um cara que estava mais preocupado em se entorpecer de café resolveu sair de lá às 6:13
A coisa toda explodiu às 6:16 e durou apenas um minuto. Não conto como foi pois não quero que se preocupem imaginando pessoas esmagadas por um ônibus que tomba, ou eletrocutadas por um fio que se arrebenta quando uma árvoe cai esmagando alguns também. Não quero que imaginem como é estar perto de um trem que descarrilha com os vagões deixando grande número de lugares vagos na excursão ou como um prédio cai por causa de uma pilastra. Vou poupá-los com um simples: 759 pessoas viraram manchete e vivem no comentário alheio.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

O problema...

deveria ser "é" e é problematicamente "são".

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Sonho(s)

Quando pequeno tinha sonhos(muitos até) sempre. Cada vez mais intrigantes eram eles... Digimons, escadas, gelatina, meninas, pesadelos, escuro, nada...
Parei de sonhar, ainda me restavam ideais que logo se dissolveram em vagas idéias. E estas perderam suas vagas para umas que nem podiam/podem/poderão se dar ao luxo de permanecerem sentadas, não têm acento.
Agarrei-me às idéias, minhas idéias. Cruelmente foram arrancadas, e esquecidas em algum canto, me entregaram ideias(como se essas fossem substituir as outras). Não sabem a falta que elas fazem, a falta que ele faz... Talvez eu vá atrás das minhas idéias...
E você? Sonha com o quê? Seu sonho é feito de quê? E o teu?
Como sonha que seu sonho vai ser? Ás vezes sonha que sonha sem nem sonhar?
Sonhas com quem? Recíproco? Ainda acreditas nos filmes? Será que sonhas que termine como um? Tu sonha?
Sonhos? Sonho? Acho que ainda sobrou um...
Lembro(me?) que ele muito esperto me disse o que um cara esperto(disseram) tinha dito. "Sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só mas sonho que se sonha junto é realidade"
E aquela "Lute por seus sonhos"? Onde fica? É lutar pelos seus e esperar(ou lutar?) que alguém(dois é junto o suficiente?) sonhe o mesmo?
Vez ou outra tenho sonho. Mas nenhuma vez sonho.
Estou cansado de não sonhar. Mas posso tentar sonhar o mesmo sonho enquanto não tento acordar.

domingo, 4 de abril de 2010

Das Leben ist zum leben da...

jeder tag.

Outra campanha:

Campanha contra campanhas inúteis!

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Dia da mentira

Ao menos hoje não é um dia de mentira...

sexta-feira, 26 de março de 2010

-OH

Cheguei em casa, saí de casa... Precisava de álcool, não bebo álcool. Comprei uma coca... Acho que tem efeito igual. *Tsiiii* Abro e bebo sem canudo. Parece que estou me importando menos com a saúde hoje... Lua. Não tenho certeza se as nuvens estão abrindo espaço para ela ou se estão tentando pegá-la. Arrisco um poema mentalmente "Brilho diamante, forma rubi, lua./Com tamanha escuridão e ainda se perpetua./As nuvens respeitosamente se afastam?/Ou tentam de qualquer modo alcançá-la e para tanto se arrastam?/Os dedos das nuvens, longos e grossos não podem chegar perto./Afinal, ela é tão pura e casta, uma deusa. Certo?/Luna que abençoava diferentemente quem nascia em cada fase./Peculiar pecha em cada filho, variando com a face." Eba... derramei coca na mão... e no chão... lambão... "Nuvens... as nuvens... por quê não são uma coisa só? Uma única entidade, dividida por conflitos próprios, não consegue se achar totalmente, não consegue se completar. Vai espalhando, procurando, talvez um parte de si, se bem que não está tão sã, talvez só esteja só, suando me molha... suor gélido..." Cheguei em casa.

Caminho

pelo mesmo caminho que caminhou.
E mesmo sendo o mesmo, não mais o mesmo é, mesmo.
Quando passou estava tudo tão iluminado, com raios solares destacando sua forma ao longe, lhe fazendo brilhar. Meus olhos até ardiam de tanta luminosidade...
Agora passo com um passo descompassado, ora passo rápido, ora passo raspando no poste, ora passo rápido, ora passo arranhando no carro. Hora... 19:51
Não passou tanto tempo... apenas o suficiente para passar do sol para a lua.
Também tem o mesmo cheiro doce... quando você passou, bala recheada. Eu passando, erva queimada... Muito mais que a luminosidade mudou. Mas aquele vinho barato ainda é o mesmo.

Trevas

prolíferas em meus olhos, a luz os abandonando, chegando cada vez mais pálida e embaçada, vendo ilusões, revendo conceitos, conceituando iludido.
A escuridão dos olhos fechados ainda permanece nítida, pesada, sólida.
Traidores com penas brandas e oleosas.
Tão torpe... Espero que seja apenas meus olhos...


Como pedido... Resposta: cego.

Computador

nas costas...

quarta-feira, 17 de março de 2010

Ovelhas

Não precisam de um pastor, um cão latindo é o suficiente para movê-las(para onde o cão quiser)
Vivem para ter a lã arrancada...
Contentam-se em pastar, de cabeças baixas e cara na grama
como obedientes amas, será que não se amas?
Não precisam de cama, se acomodam na lama para o cão poder morar na casa cheia de amas... que ele tanto ama e não permanece casto por tal feito...
Para onde vão os votos? Se estes são quebrados...
Para onde vão os votos? Somem junto com as verbas?
e só restam verbos para descrever o caminho(ou o desvio) das verbas...
sumiram, acabaram, usaram, gastaram... aproveitaram...
verbos inescassos... verbas descastas...
Se contentam até em ficar em pé
enquanto o cão late e o ouvido arde...

Tenho um sério problema de audição...

É... ele não costuma contar piadinhas por aí...

segunda-feira, 15 de março de 2010

Maquilagem

Maquilando
Maquiando lábios
Maquiando lábio seco
Maquiando lábio, eco surge
Maquiando lábio, eco urge insanamente
Maquiando lábio, eco urge sana-mente incoerências
Maquiando-se, corre mente cega, álibi, caos uno... nênia...

o Céu e o C.e.u.

o c.e.u. no espaço com o mesmo sentido, não importa o ponto.
No céu pontos brilhantes à noite, com sentidos diferentes e diferentes direções...
sobre o c.e.u. é fácil falar e determinar(ao menos o que já ensinaram), até mesmo imaginar, mesmo módulo, mesma direção... "no c.e.u. as linhas de força são paralelas e equidistantes"
imagine a força feita no céu para sustentar todos os módulos que por ali voam...
e a reação? paralela e equidistante? sendo a mesma, só variando o sentido...
sentido contrário? exatamente isso?
ah... a luz do sol que vem lá de longe... paralelos os seus feixes mas aquecem desigual(mente)
deve ser coisa da linha do horizonte...
aquela que é curva...

quinta-feira, 11 de março de 2010

Ditado pecêm - A

"Antes tarde que nunca." - Já tentou usar essa no colégio?
"A morte não escolhe idades" - E te ensinam a se preocupar só com vestibular...
"A pensar morreu um burro" - Não pense.
"A sorte de uns é o azar de outros" - Um por si, todos por um.
"A ambição cerra o coração" - E serra outros.
"A pressa é inimiga da perfeição" - "Anda Alberto!" ¬¬
"A consciência tranquila é o melhor remédio contra insônia" - zZzZzZ? ¬¬
"A verdade gera o ódio " - Vamos mentir \o/
"Amigo não empata amigo" - Ou ganha ou perde.
"Amigos, amigos negócios à parte" - Ou não cobram ou cobram demais.
"Antes aqui que na farmácia" - depois daqui, cemitério.
"Aquilo que sabe bem ou é pecado ou faz mal" - Não queiram saber de nada
"A cobra vai fumar." - Alusão a drogas.(ou é mais direta?)
"A instrução é a luz do espírito." - Manual = Sol?
"A alegria atrai simpatia." Não eram os opostos que se atraiam?
"A verdade fala pela boca dos pequenos." - Acredite em gnomos
"A dor ensina a gemer." - o.o
"Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura" - Comece agora mesmo seu buraco para o centro da terra, basta cutucar o chão.
"A união faz a força" - E a tolice
"A ocasião faz o ladrão" - A mão um tapão(?)
"As aparências enganam" - Dã?
"A água silenciosa é a mais perigosa" - +ou-70% do seu corpo é? Você ouve? ...
"A minha liberdade acaba onde começa a liberdade dos outros." - E cabe tudo num ponto sem dimensões...
"A ignorância é a mãe de todas as doenças." - Sapeca?! o.o
"Amigos dos meus amigos, meus amigos são" - E aquela do inimigo de meu inimigo ser meu amigo?
"A cavalo dado não se olha os dentes" - Dentadura...
"A montanha pariu um rato" - Espera para ver a prole do mar...
"Azeite de cima, mel do meio e vinho do fundo, não enganam o mundo" - Mas um livro sim, não é?
"A função faz o órgão" - Vou empregar um em outro setor...
"Antes só do que mal acompanhado" - Viva sozinho.
"Antes que o mal cresça, corta-lhe a cabeça" - Alusão a violência(como saber se a cabeça é do mal se "As aparências enganam"?)
"A pobre não prometas e a rico não devas." - Fica devendo pro pobre e prometendo pro rico...
"A felicidade é algo que se multiplica quando se divide" - A tristeza é algo que se divide quando se multiplica?
"A fome é a melhor cozinheira" - Praia...
"A galinha do vizinho é sempre mais gorda do que a nossa" - Conta para ela sobre sua lipo
"A ignorância da lei não desculpa a ninguém" - E o conhecimento dela, permite que a desvirtue...
"A intenção é que conta" - 1,2,3...
"A laranja de manhã é ouro, à tarde é prata e à noite mata" - Suco só de manhã e à tarde.

A sabedoria popular é muito extensa... pulei para uns com M e N

"Mate dois coelhos com uma cajadada só" - Sempre que puder matar mais, mate.
"Mais vale um pássaro na mão, do que dois voando" - Biopirataria.
"Mais vale rico e com saúde do que pobre e doente" - Trabalhe(Roube), pague um plano e o resto fica de resto.
"Macaco que muito pula quer chumbo" - Viu alguém pulando de felicidade? Atire.
"Mais vale burro vivo que sábio morto" - Cada um por si.
"Nem oito nem oitenta" - 12?
"Não vá de encontro a maré" - Tem umas pedras por ali, está vendo?
"Nem tanto ao mar nem tanto à terra" - Uma ilha?

Aprendi certo? É o que fazem com uns gênios, distorcem suas palavras... Só porque estão mortos...(E já faziam quando vivo)

Nº1, fez o dever?

É... "Devo, não nego. Pago se puder."

Rotina

Arma mira cara
cara tara vara mara
mara ara apara
Ah... para cara cara arma
(TÁRÁ)
...
Carma.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Passatempo

Vista sua roupa já surrada
e prepare-se para a caçada
Hoje, a noite não se acaba enquanto não matar
Hoje, a dor perpetuará até amanhecer
Já é tarde para pensar num álibi(precisas de um?)
Sabe que não suportará segurá-lo, não hoje...
Sabe que se² cortar não o acalmará, não hoje...
Achava que isso não aconteceria? Não...
Sabia que já estava condenado a isso. Hoje...

quarta-feira, 3 de março de 2010

Jogo de palavras

Complete a lacuna com a palavra:

No dicionário _________ vem dividida

Venci

É...
Passei da validade.

Dia e dia

Dia ao dia: dia? claro
dia ao Dia: Dia? longo
Dia ao dia: noite? depois
dia ao Dia: noite? junto
Dia ao dia: sol? orbe flamejante
dia ao Dia: sol? luminoso cavaleiro andante
Dia ao dia: lua? distante amante
dia ao Dia: lua? prateado dragão
que ferozmente persegue o cavaleiro para este perseguí-lo pouco depois
todo Dia...

Dia-a-dia...

terça-feira, 2 de março de 2010

(In)correto?

Falta um pouco de decência...
Falta um pouco de noção...
Nessas níveas mãos, invejável talento
possui no pecado herdado da 2ª geração.
Que agora escarlates pelas
(des)graças do jorro sangrento
(pré)destinado a inundar esse imundo mundo
neófito, ainda há alguns truques para aprender
nefasta para muitos, bendita para ninguém's e por menos ainda...
artista ou arteira?
não sei ao certo...
mas decerto o que faz é arte.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Foco

Foca
Mó der foca
Foco objeto na imagem real
Foca nadando em lagos invernais
Foco focando uma formiga
da qual a mordida forma uma ferida
ardida e corruptiva
por essas bactérias...
Ah! Artérias...

domingo, 28 de fevereiro de 2010

tédio

um tédio comum... vou procurar algo para fazer lá embaixo... começo a descer as escadas... murmúrio... resmungos... gritos abafados... paro no meio do terceiro passo e jogo meu pé esquerdo no 16º degrau(mantendo o direito no 17º),"ótimo, estou de costas para a parede" é o que se passa na minha cabeça. Aguço os ouvidos, meus músculos começam a se retesar "droga! se estiverem relaxados será mais fácil para reagir.", consigo relaxá-los o máximo que a situação me permite "já é algo...".
Agora, meu olfato também está aguçado "tenho um ótimo faro", mas não capto algum cheiro diferente, não sei se deveria me sentir aliviado ou preocupado... continuo quieto com respiração lenta e olhando para os lados... o som começa a ficar nítido... algo sobre deus... mais e mais... já consigo distinguir donde vem...
Ah!... apenas uma igreja que abriram há pouco... solto o ar e me permito um sorriso descontraído(tudo que meu fôlego permitia na ocasião...), vou até a janela "igreja missão reencontro com a vida. ah... era mais engraçado quando estava escrito padaria pão de mel e o carinha gritando com o microfone numa mão e o punho cerrado na altura do rosto, dizem que estava pregando(igual ao que fizeram a jejus?)... já tem quantas igrejas por aqui?[lojas falidas --> bares --> igrejas ou lojas falidas --> igrejas ou não quero pagar alguns impostos do meu carro! --> igreja] 7(que eu saiba)em um raio de 2km(sendo que para um lado é só estrada...) dizem que 7 é o número da sorte...

Péssimo augúrio...

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

expoente

ei, número ai de cima, por que não fica do lado esquerdo?
o que você está expondo? só vejo você, tão exposto e só...
ou é um representante insigne de uma profissão?
mas é claro, como pude esquecer...
diria até que é o representante notável das exatas(que não são tão exatas assim...)
afinal, não é graças a você aí em cima que tem notação científica por aqui?
e estudam tanto, mas uma simples anotação poderia elevar suas notas...
mas... aí chega a luz do sol? que lugar infeliz deve ser...
não se pode nem ver o sol nascer...
ex-poente...

Posso ser teu cafetão?

Com um puta açúcar, por favor.

( )piração

Fruta, me dê seu sumo
Vida, sua inspiração
A fruta cobra força
A vida, respiração

Pessoas agindo nas sombras
Sussurrando e tramando uma conspiração
Procuro ansiosamente algo palpável
Vi a verdade e esqueci, piração...

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

(In)transitividade

Investir nalguém;
Negacear aos montes e à muitos;
Sanar aos maus bons e à bem mal;
Arrotar aos ventos pobres (in)glórias;
Nausear aos outros com sua nênia;
Ofuscar aos teus olhos...

Alma

Alma lama, mala alam.
Mal la mama, lamaçal.
Alma, calma...

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Colapso mental

Lembranças se queimando, gerando incômodo e dor. Tão instável.. Tem que aprender a (des)embainhar a espada ou acabará se mutilando(mais...).

Inscrevendo em si um pouco de dor, rasgando a própria pele para não romper sua frágil sanidade...

Participe da campanha:

Não ao plural no comentário pessoal!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Devaneios

Entro na sala e digo: Desculpem-me, meus caros, mas vou cortar seu barato. Em cinco minutos um pequeno incêndio se iniciará próximo ao banheiro masculino e ,devido a condições (des)favoráveis, se alastrará pela maior parte do prédio, quero dizer quase completamente, daqui a 10 minutos resultando em furioso lume com suas (in)contáveis línguas laranjas lambendo esse tão logrado e lânguido lamaçal... Ahn? Luz... Ah!... O luminoso sol incidindo em meu rosto através daquela janela "limpa". A porta está fechada, a aula já começou... Um pouco atrasado, novamente... Abro a porta, "Licença", entro e sento, "presente" e começo a devanear novamente...

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Soldade

Deveras estou com Soldade,
saudades daquele sol ofuscante e cálido
que aquecia e animava mais um dia
sempre preguiçoso ao acordar e lacônico no crepúsculo

Esses dias inconstantes, por vezes luminosos, por vezes marcantes
mas dia nem sempre os dias são, invariavelmente são dia, dia e dias, dias...
Ah! noite firme demonstra suas mudanças nas faces de luna
ou no brilho das estrelas, que interrompidas brilham com certa relutância...

Resumem-se, agora, em...

Um jovem sem o direito de envelhecer

"treinar até os braços caírem"
"Até as pernas arderem"
"...do menino que não treina (para de chorar e toca)"
"Posso ficar escrevendo o tempo todo com essa caneta. A tinta é escura e a ponta desliza fácil, espero que eu consiga roubar essa caneta."
"Preguiçoso - treine todo dia, e treine o que passo na semana, senão te arranco os olhos."
Entre coisas mais engraçadas(ao menos na época...) e o primeiro vinho aos 13, ouvindo um violão e lendo pinturas... rindo...
No fim... Ele era eu... Ele é eu... eu é bem verdadeiro... eu sou diferente dele... "nocente".

Lá sou político, aqui humano...

Diferença?