sábado, 9 de outubro de 2010

Felonia

Idiota, deixei-me enganar. O sorriso cordial do cordeiro compartilha dos mesmos dentes do sutil chacal. Vingança, é o que penso a princípio. Nada além do dever do leão. O problema é que não fui o único a ser enganado, mas fui o único a perceber a farsa. Raiva. Atacou, fingiu arrependimento e prepara-se para atacar. Maldito. Não dei ouvidos aos meus aguçados instintos. Enquanto minha boca o amaldiçoa em cinco línguas diferentes, meu cérebro pensa em uma forma de descreditar o desprezível ser. Aceitei seu arrependimento e agora a matilha não me dará ouvidos. Fúria. Preciso me focar. Controlo-me. Concentro-me. Farei como todo bom predador. 'Esperar pra atacar', xeque.

2 comentários:

  1. Eu ando ficando com medo de vc... Esse poema se refere a algo apenas imaginado, sim?

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  2. A única coisa que impede que os dentes do cordeiro tenham o mesmo uso dos do chacal são os hábitos do cordeiro. E hábitos mudam.

    A diferença entre o seu xeque e o mate do oponente pode ser apenas um movimento.

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