domingo, 27 de fevereiro de 2011

Meus olhos continuam ardendo e eu continuo vendo
através dessa grade que não impede meu olhar e
nem o vento, que vem até mim e me acaricia o rosto,
que traz ao meu olfato várias sensações.
Um cheiro novo desse mundo velho; vejo o tempo passar,
as coisas tentando permanecer como estão...
As horas mudam, o dia muda, vira noite.
Ela me mandou olhar a lua, quero olhar.
Mas não há nada além de escuridão e lágrimas no céu.
O vento não mais me traz cheiros,
tudo que faz é meu calor levar.
Levanto-me e vou embora.
Procurando onde ficar...
Meus olhos continuam ardendo e eu continuo vendo.
Só os mortos se reconhecem.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

wollen

Ich will mit ihr ausgehen
Ich will mit ihr weggehen
Aber sie ist angekettet
Tudo que vejo e não digo
seja por não saber, seja por não querer
vai morrer e apodrecer comigo

Tudo que penso e tudo que sinto
não é nada do que aparento ser
com sorrisos é como minto

A eloquência não me abandona
mesmo que a sanidade o faça
um tanto do problema é ela ser falsa
mas antes fosse isso o que me assombra

Querer dizer muitas coisas, ritmadas até, e disso não ser capaz
acabar assim, escrevendo algo vazio, insignificante
a fundo, nada disso é importante
é apenas a imagem dos olhos firmes que o espelho me traz.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Quanto mais de algo se sabe, mais difícil fica de algo se saber.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Já me disse o cara de altitude e ombros dados...
Minha sorte é temperamental.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Minha vida é cheia de coisas marcadas perdidas.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

É chato descobrir que eu já fui melhor.
Mas nunca estive melhor que agora.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Bater a cabeça contra a parede é uma experiência única, extremamente rápida e dolorosa. Fechar os olhos e investir com a fronte na parede fará com que veja um brilho, como se algo explodisse, no momento do impacto. (Talvez algo tenha estourado mesmo. Espero que não o crânio, nem algo dentro dele.) A dor é longa e espaçosa, como um tecido sendo puxado e puxado, demora a acabar. Um pouco maior que um lençol de uma cama de casal. E é ondulante, como se o lençol estivesse sendo balançado, deixando incapacitado mentalmente de se localizar, de concluir raciocínios, de ter novas, de pensar em outra coisa além de um "ai..." prolongado e sofrido.
E é absolutamente inútil. Só isso.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Acalma-te, esperas.
Tem paciência.
O tempo vai te compensar.
Ele vai trazer um novo amor
ou recuperar o antigo.
Vai fazer-te esquecer a dor,
apagar as cicatrizes.
Trará fortuna do modo que preferir,
boa sorte ou dinheiro.
Ou é o que ainda esperas
enquanto o tempo passa
e quando estiveres no fim,
se houver outra vida,
sente-se traído.
Pelo tempo.
Eternamente.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Fico o olhando de longe, ela não me deixa aproximar, apenas me questionando como. Como vou matá-lo. Rápido ou devagar?

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Nós

Estávamos de mãos dadas, sentados no chão, olhando hipnotizados para o fogo que a consumia. Momentos antes, ela a viu, a examinando, os olhos correndo rápido por toda sua extensão, sendo tomados de um tom rosado e uma urgência frenética de acabar, por enquanto só de acabar de avaliá-la. Mas já havia sinais da raiva que a dominava, a mão querendo esmagar, a mandíbula mexendo convulsivamente. Ela acaba de avaliar. Bufa e não se contém mais, grita numa forma de liberar sua raiva. Não consegui deixar de admirar aquele momento, de admirá-la, de perceber cada vez mais quão parecido somos. Claro, há várias diferenças; claro, havia mais naquela cena do que posso (d)escrever. E, além do mais, estava fascinado demais para ter clareza ao narrar depois... Só não pude evitar de tomá-la em meus braços e beijá-la até seu ar acabar. Depois disso houve um pouco de conversa, um pouco de várias coisas, e a necessidade de a queimar. "Vamos." foi a minha resposta para elaFomos. Lá estávamos, de mãos dadas, sentados no chão, olhando hipnotizados para o fogo que a consumia. Parecia tentar resistir, queimando lentamente, numa tentativa inútil de se salvar ou conseguir perdão. Em vão. Foi lindo vê-la queimar. "Asche zu Asche". As mãos dela e meus pés sujos de cinzas. Levantamos, nos abraçamos. O vento soprou com suavidade e força, trazendo-me o cheiro que ela tinha. Seu característico cheiro e o cheiro de fumaça misturados, realçando o cheiro delaAquele olor me excitava. Doce aroma. O vento soprou com suavidade e força, reduzindo os restos do que queimamos, revolvendo as cinzas, transformando-a em pó. "Staub zu Staub".
Sinto um pouco do frio no ar. Está vindo. Novamente. Sempre vem. O frio. A lua crescente. A lua dos videntes. Sorrisos nas faces. Sussurros nos ouvidos. Nada para se ver. E quando lua cheia vier. A dança frenética dos olhos começará. A ardência no peito aumentará. Os desejos. A vontade. A fúria. A lua dos guerreiros.
Ponto final. Dois pontos: Reticências...

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Eu senti o ódio subindo por mim. Percorrendo minhas costas, fazendo-a se eriçar. Todo o meu corpo se preparando. Cerro os punhos. Travo os dentes. Está em minha garganta. Está na minha cabeça. Está nos meus olhos. Curvo-me sobre mim. Meu corpo tentando se expandir. Suprimo. Respiro. Acabou. Por agora...

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O mês acabou. A estação passou.
Seus planos já estão todos atrasados.
Seus projetos são as coisas que não fez por estar enrolado.
O ano acabou. A semana passou.
Sua resolução de ano-novo já se desfez.
Seu reflexo continua o mesmo que daquela vez.

Criou novos vícios para se livrar dos antigos.
Insatisfeito, se enchendo de prazer.
Não, não adianta correr. Não adianta tentar fugir.
De carro com bebidas, de avião com drogas, de foguete com coisas pesadas demais.
Pesadas demais. Mas leves comparas à sua consciência. É dela que foge.
Quer viver com consciência da sua vida. Quer viver sem consciência na sua vida.
E ela vai lhe pegar. Na sua ressaca, no seu leito ou na sua cadeira de balanço.

O tempo acabou. A vida passou.
Há uma questão para ser respondida.
Dopado demais para adivinhar qual seria.
A vida acabou. O tempo passou.
Eu confessei algo a ela. Ela não acreditou.
Quem acreditaria? Ninguém acreditaria. Ela não acreditou.
Era algo pequeno. Era algo meu. Eu confio nela. Ela não acreditou.
Não seria isso um gole da Santa Felicidade?