domingo, 6 de fevereiro de 2011

Nós

Estávamos de mãos dadas, sentados no chão, olhando hipnotizados para o fogo que a consumia. Momentos antes, ela a viu, a examinando, os olhos correndo rápido por toda sua extensão, sendo tomados de um tom rosado e uma urgência frenética de acabar, por enquanto só de acabar de avaliá-la. Mas já havia sinais da raiva que a dominava, a mão querendo esmagar, a mandíbula mexendo convulsivamente. Ela acaba de avaliar. Bufa e não se contém mais, grita numa forma de liberar sua raiva. Não consegui deixar de admirar aquele momento, de admirá-la, de perceber cada vez mais quão parecido somos. Claro, há várias diferenças; claro, havia mais naquela cena do que posso (d)escrever. E, além do mais, estava fascinado demais para ter clareza ao narrar depois... Só não pude evitar de tomá-la em meus braços e beijá-la até seu ar acabar. Depois disso houve um pouco de conversa, um pouco de várias coisas, e a necessidade de a queimar. "Vamos." foi a minha resposta para elaFomos. Lá estávamos, de mãos dadas, sentados no chão, olhando hipnotizados para o fogo que a consumia. Parecia tentar resistir, queimando lentamente, numa tentativa inútil de se salvar ou conseguir perdão. Em vão. Foi lindo vê-la queimar. "Asche zu Asche". As mãos dela e meus pés sujos de cinzas. Levantamos, nos abraçamos. O vento soprou com suavidade e força, trazendo-me o cheiro que ela tinha. Seu característico cheiro e o cheiro de fumaça misturados, realçando o cheiro delaAquele olor me excitava. Doce aroma. O vento soprou com suavidade e força, reduzindo os restos do que queimamos, revolvendo as cinzas, transformando-a em pó. "Staub zu Staub".

Um comentário:

  1. Por ódio. Queimamos. Foi. Sim. Fizemos. Deviamos. Fizemos. Queimamos. Por amor.

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