sexta-feira, 4 de junho de 2010

Ela

Ela estava lá sozinha, sabia bem disso. Lá. Ele também estava lá, longe dela, outro lá. Ela, seu medo e sua pequena e frágil esperança que logo sumiria junto com a luz do seu monitor. Ficaria no escuro com seu medo, no seu medo. Aquela escuridão, aquele frio. Queria apenas chegar rápido ao seu quarto. Mas é tão longe... O monitor iluminando seus belos traços, deixando-a pálida e realçando sua beleza. Seu rosto aparenta preocupação crescente e a areia escorre rápida e pesadamente na ampulheta. Ficará só. Suas mãos estão geladas, e por mais que tente, não consegue aquecê-las. Não sozinha. Ele não pode aparecer. Então ela espera que alguém a livre desse medo... É só aguentar mais um pouco... A luz do monitor some lentamente... Ela olha pela janela desesperada. Acabou a luz. Está sozinha, como já estava. Não, agora está mais sozinha. Sente-se sozinha. Recua até encostar as costas na parede e escorrega até o chão. Quieta, agachada, tremendo de frio e medo. Fecha os olhos fortemente esperando não que acabe mas que ele apareça e a ajude com o seu frio e seu medo. Principalmente seu frio, é o pior. Começa a cantar uma música baixinho para se acalmar. Uma música deles. Uma música que ela escolheu para eles e ele nem sabe. Ele nem sabe deles. Uma mão a agarra pelo braço e a puxa de seus sonhos. Está no seu quarto, suada, quente demais. Nunca sua segurança fora tão insegura.

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