segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Pega a maleta e sai. Está atrasado. Está apressado. Tranca o apartamento e aperta várias vezes o botão do elevador. Chega, entra, três vezes o botão "T". Confere as horas no painel do elevador, 08:10. Começa a pensar em como isso foi acontecer, plim, as portas abrem. Sai quase correndo e quase atropelando o porteiro. Tem que andar até a estação e pegar o trem das 08:15; perdido pensando nisso, dá um esbarrão em um maltrapilho, sua mala cai e o maltrapilho em cima. Fala um xingamento qualquer, não tem tempo para pensar em um. O maltrapilho levanta-se agarrado à maleta e a entrega depois. Pega a maleta e vai. Agora num passo mais rápido, o tempo mais apertado. Nas escadas da estação ouve um tic-tac chato que o lembra de olhar o relógio, 08:15. Ótimo, pensaria se tivesse tempo mas apenas anda ligeiro, passa a roleta e entra no metrô, pensa no que vai dizer ao chefe, tenta se lembrar de algo que está cutucando-lhe o cérebro. Nada. Duas estações depois há algo cutucando-lhe também os ouvidos. Tic, tac, tic, tac. Ele veio tentando ignorar esse barulho desde que pegou o metrô, não dá. Olha novamente o relógio, 08:15. Bate com o indicador de leve no vidro do relógio, fica um pouco confuso e finalmente lembra-se, o relógio parou na manhã anterior quando chegara no trabalho. Tic, tac, tic, tac. O som continua mas não vinha do pulso, vinha de algo abaixo dos dedos. A maleta fazia esse barulho irritante, ele aproxima do ouvido e ouve nitidamente: tic, tac, tic... Tarde demais.

2 comentários: