domingo, 18 de abril de 2010

Embriaguez

Acordo, dormi pouco, dormi mal, vi muita coisa antes de dormir(ou foi durante? talvez quando acordei...)Me senti, senti-me, senti a mim, senti eu, eu senti algo entrando na minha cabeça como álcool em um jovem que nunca bebeu antes, ficando tonto e fadigado, sem prazer, bebendo para aparecer... mas não quero aparecer, quero é que essas coisas desapareçam. Parece que estou sempre cansado, sempre tonto, que estou bêbado ou que esse mundo está tão bêbado que fico tonto só de olhar...

Estava de saco cheio, não queria sair hoje. Forçaram-me a arrumar-me e ir para aula, ou ao menos até o caminho para lá... Parei logo em cima da linha do trem, esperava algo... Talvez o trem, talvez alguém, talvez um sentimento de culpa pelo que estava prestes a fazer... não adiantava, não considero como algo tão importante, difícil sentir culpa por isso, difícil sentir culpa, difícil sentir, difícil... livrar-me desta dor de cabeça.

Queria acabar com o tédio, algo legal para fazer, me divertir, alguém com os mesmos defeitos. Começo a andar pela cidade, normalmente... deveria sentir culpa ou andar de um jeito diferente só por estar matando aula? Acho que sim... mas não fazia nem ideia de como fosse ou como seria ou como é, de qualquer forma, continuei andando daquela mesma forma.

Passei por várias pessoas, andei devagar, corri, parei para aproveitar um facho de sol... um ônibus veio para cima e pulei logo para o outro lado da rua, ele ao menos poderia ter deixado que eu aproveitasse mais um pouco ou até mesmo parar o ônibus e deixar todos aproveitarem o sol e sentirem seu calor, algumas pessoas não sabem que o sol existe até ele queimar-lhes a cabeça. As pessoas precisam mesmo de sol, não por serem frias mas por estarem mortas, precisam queimar, precisam sentir, preciso sentir. Viver.

A sombra e o vento esfriavam mais meu corpo, várias pessoas(para não dizer todas que vi) com blusas grossas e volumosas. Acelerei o passo, não que eu quisesse me esquentar assim mas havia uma urgência no ar algo dizendo-me para correr... uma pressa que rapidamente se dissipou. Desde que tinha dado meia volta na linha do trem, achava que estava indo para algum lugar e como de costume, errei a posição, estava indo para lugar algum. Neguei o instinto de me sentar na sombra de várias árvores que vi para chegar cedo demais, esse tempo só nos cega... afinal, deve ser esse o trabalho de uma ilusão, não é? Iludir.

E não se iluda com o que digo, ainda sou o vilão. Deveria ser preso, condenado à prisão perpétua, pena de morte, enforcamento... Pessoas morriam, coisas morriam... Matei minha aula, estava matando meu tempo e deixando que eu morresse lentamente... homicídio quintuplamente qualificado, promessa de diversão, um motivo fútil, veneno lento e letal ,impossível qualquer reação e para ocultar crimes anteriores... só não tenho com que me preocupar; estou no Brasil.

2 comentários:

  1. ÔÔÔÔÔÔÔ betim esse aki eu gostei tbm prendeu minha atençao quis terminar de ler fikko foda

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  2. Perfeito! só gostaria de saber pq correu indistintamente. viu a irmã? rsrs... uma brincadeira?!? talvez fosse o tédio?!?

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