quinta-feira, 9 de junho de 2011

Travou a arma e guardou no coldre, estava determinado a não matar o homem defronte. Algo gritava para que fizesse. Ele precisava matá-lo. Ele precisava fazer algo. Deu-lhe um soco. O homem demorou um pouco para voltar o rosto pro lugar mas trazia um sorriso doentio e uma promessa de uma risada doentia. Estava com o tronco e as pernas amarrados a uma cadeira. O rosto escoriado e roxo indicava que aquele não era o primeiro soco durante as duas horas amarrado ali. O iminente assassino andava de um lado a outro, resmungava, gritava, suas passadas eram irregulares e cambaleantes; parou abruptamente na frente do homem, sacou a arma e apontando no rosto dele berrou "Como pôde?!", como fizera outras seis vezes. Mas ele não aguentava mais, ele realmente não aguentava mais. Algo gritava para que fizesse. Ele precisava matá-lo. Ele precisava fazer algo. O homem começou a rir descontroladamente, sua gargalhada era insuportável. Um tiro. Um silêncio respeitoso pairou... A gargalhada continuava a ser ouvida. O homem tinha a boca escancarada e um filete de sangue escorrendo de um buraco na testa, os olhos vidrados no teto. Com a mão livre, o então assassino segurava a cabeça e firmava os dedos contra ela. A gargalhada continuava. A gargalhada continuou... Até o segundo disparo.

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