segunda-feira, 28 de março de 2011
Terminei meu banho. 01:12. Madrugada. Puxei a toalha. Fiquei um tempo com as mãos pousadas no rosto sobre a toalha.Algo incomodava minha garganta. Cuspi na pia. Apenas saliva. Não estava para cuecas. Apenas me sequei melhor e abri a porta. O ar gelou minhas pernas. Comecei a envolver a toalha em minha cintura e sai do banheiro. Um estrondo. Um barulho de várias coisas caindo. Aproximei-me devagar da beirada da escada e fiquei a fitar o último degrau - ou o primeiro, pra quem sobe. Imaginando o que poderia ocorrer. Preparando-me. E se subisse alguém com uma arma e me mandasse levantar as mãos? Eu simplesmente ainda não tinha prendido a toalha. Livrei minha cabeça dessas ideias e fixei minha atenção no último degrau da escada. Meus ouvidos distinguindo os sons, alertas para não serem ludibriados por minha imaginação. Meus olhos fixos numa atenção louca, doentia, predatória. Fico um bom tempo imóvel. Sem pensar. Apenas pronto. Nada. Recuo até o banheiro(prendendo devidamente a toalha que até agora apenas segurei com o braço direito contra a cintura). Chutava que tinha ficado parado por dez minutos. 01:37. Achei um exagero. Somente agucei minha audição para ter certeza. Ouvi um galope atrás de mim. Distante. Lá na avenida. Depois um cachorro latindo, aparentemente em seu encalço. Passou um caminhão com suas engrenagens chiantes. Estranho.
sábado, 26 de março de 2011
sexta-feira, 25 de março de 2011
terça-feira, 22 de março de 2011
Olha só esse cabelo desgrenhado, essas unhas compridas, essa barba não feita. Falta-lhe o cuidado com seu corpo. 'Envergonha-te'. Deveriam lhe dizer. Mas a barba lhe encaixa bem no rosto, as unhas estão belas ainda e o cabelo ainda reflete o que fora outrora, ainda brilha. Parece que o natural tende ao belo. Mas... Olha esse olhar... Olha bem esses olhos... Inócuos, domesticados, vazios, inertes. Envergonha-te!
segunda-feira, 21 de março de 2011
Ei, minha criança, há quanto tempo não te via?
Ainda contas as mesmas mentiras?
E esses olhos vermelhos? Andou chorando de novo?
Venha cá, não tenha vergonha. Conheço-te, não tente disfarçar.
Não, não, para. Não comece a chorar. Diga-me o que andou fazendo.
Não liga para o que disseram. É apenas inveja deles.
Eles invejam esse teu lindo dom, minha criança.
Hum... O que? Se o que eu digo é verdade?
Claro que sim.
Ainda contas as mesmas mentiras?
E esses olhos vermelhos? Andou chorando de novo?
Venha cá, não tenha vergonha. Conheço-te, não tente disfarçar.
Não, não, para. Não comece a chorar. Diga-me o que andou fazendo.
Não liga para o que disseram. É apenas inveja deles.
Eles invejam esse teu lindo dom, minha criança.
Hum... O que? Se o que eu digo é verdade?
Claro que sim.
Cavaleiro da triste figura
Aquele ali que anda sem destino e sem ânimo. Também pudera, anda com coração de outrem no peito. O coração daquela a quem ele deu o seu. Os olhos vazios parecem sem fundo, carrega neles uma tristeza indizível. Vez ou outra, cabisbaixo; mas sempre que o percebe, obriga-se a erguer a cabeça. Seu olhar cruza com o de todas as pessoas que por ele passam. Nunca acha o que procura nos outros olhos. E vagueia assim a procurar. A esperar? Não sabe. Só conhece a cor de seus olhos, de suas ondas, o seu cheiro. Ele só não vai aonde tem certeza de encontrar. O dragão monta guarda em seu covil, antes fosse um moinho de vento. E assim vagueia a procurar. Colocando muito de sua imaginação no seu longo tormento. Face a face à loucura. Com a tristeza estampada no rosto, num meio sorriso sem gosto. Cavaleiro da triste figura.
Sinto os vermes rastejando sob a minha pele, querendo sair, rastejando lentamente para minha cabeça, os demônios se agitam em suas gaiolas. Os vermes sussurram... Sussurram coisas... Eles me dizem... Eles me dão sugestões... Na boca aquele gosto horrível que nunca sai. Tateio minhas cicatrizes para distinguir a realidade. Com estes olhos malditos eu vejo, eu vejo a verdade.
domingo, 20 de março de 2011
sábado, 19 de março de 2011
Diz graças a...
Deve ser no mínimo engraçado,
ver-me perder tudo por mim conquistado.
Cada esforço sendo recompensado,
só para ter algo a ser retirado.
Tenha, no mínimo, o bom senso de sem nada deixar-me.
Não ter nada a perder. Heuchler īners.
ver-me perder tudo por mim conquistado.
Cada esforço sendo recompensado,
só para ter algo a ser retirado.
Tenha, no mínimo, o bom senso de sem nada deixar-me.
Não ter nada a perder. Heuchler īners.
terça-feira, 15 de março de 2011
E aqui, através da mesma janela que vi o alvorecer, fito o céu noturno sem nenhuma esperança. Apenas com a espera inócua, vazia, indiferente. Chega a chuva, como se por ela esperasse. Escuro demais para vê-la, apenas ouço sua invertida ascensão, sua gênese suicida, seu gotejar em si. Até fechar as janelas e os ouvidos para o mundo além de mim.
segunda-feira, 14 de março de 2011
domingo, 13 de março de 2011
Sentes o tempo passar?
Não é ouvir um tique imaginário de cada segundo.
Não é sentir o sol descrever um arco no céu.
Não é perceber que já passou uma hora desde que chegou.
Não é olhar-se no espelho um dia qualquer e ver-se mudado pelo tempo.
Não é ser pontual.
É difícil descrever... Uma definição? Opressor.
Não é ouvir um tique imaginário de cada segundo.
Não é sentir o sol descrever um arco no céu.
Não é perceber que já passou uma hora desde que chegou.
Não é olhar-se no espelho um dia qualquer e ver-se mudado pelo tempo.
Não é ser pontual.
É difícil descrever... Uma definição? Opressor.
sexta-feira, 11 de março de 2011
O ser humano precisa conversar. O necessário diálogo e, vez ou outra, uma conversa com vários. O humano que não dialoga é essencialmente burro. Diálogo verbal, mesmo que imaginário. Conversar consigo. Falar retoricamente. Não que falar estimule o pensar, apenas o (des)coordena. Desnecessário falar mais que isso. Não? Palavras meias já lhe bastam. Irônico, não é?
Tanta bagunça na cidade por um dia. Atrapalham a cidade uma trinca de dias para andarem alguns quilômetros numa noite. Argh. Enojam-me esses humanos. E a outra ainda vem pedir à filha para me perguntar se eu assisti ao carnaval... Francamente... Vou fazer uma placa 'Eu sorrio mas tenho nojo de vocês'. As exceções são poucas, contáveis nos dedos. Pés.
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