A minha pele sabe
das promessas que fiz.
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
domingo, 13 de novembro de 2011
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
Ignoro a gritaria lá fora e entro no banho
meu momento mais tranquilo
a água caindo encobre a gritaria interna
mas eu quero gritar também
quero liberar minha raiva
quero explodir
a água escorre por meu corpo levando o suor do treino
eu treino meu corpo para matar
eu treino minha mente para não matar
eu me treino para me obedecer
mas eu quero gritar também
quero liberar minha raiva
quero explodir
mas apenas guardo tudo isso...
E aguardo...
meu momento mais tranquilo
a água caindo encobre a gritaria interna
mas eu quero gritar também
quero liberar minha raiva
quero explodir
a água escorre por meu corpo levando o suor do treino
eu treino meu corpo para matar
eu treino minha mente para não matar
eu me treino para me obedecer
mas eu quero gritar também
quero liberar minha raiva
quero explodir
mas apenas guardo tudo isso...
E aguardo...
Escárnio
Do purgatório gritou. "O que mais me resta pagar por? Já cumpri a pena por todos meus pecados. Dos cometidos aos de que somente fui acusado. Já enfrentei as consequências da justiça dita divina e da humana. Carreguei um fardo que nunca aceitei. Foi meu orgulho estúpido? Ou minha presunção besta? Foi o não abaixar a cabeça? Foi o não resignar-me? Se foi, cuspo no chão e digo 'que seja!' ."
*cospe todo seu desprezo no chão*
Nem o eco se deu ao trabalho de respondê-lo.
*cospe todo seu desprezo no chão*
Nem o eco se deu ao trabalho de respondê-lo.
Filosofia de boteco
Já dizia a previsão do tempo: sábado comum. Bem, muito pelo contrário. Fora comum entrar acompanhado e pedir um caminho pra casa. Pedimos para a viagem. Mas estávamos sempre parando. E sempre bebendo. Goles e goles de tudo que nos vinha à mente. Coisas legais de se ouvir. Caixa-forte. Lembro-me de ter pensado em escrever muito do que dissemos. Não lembro-me de mais quase nada... Bem... Foi divertido.
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
domingo, 16 de outubro de 2011
Abro os olhos e me pergunto porque não estou bêbado ou de ressaca. Tem dias que não acordo. Tem dias que não levanto da cama. Tem dias que acordo de madrugada. Nas manhãs que levanto, vou ao banheiro, o maior prazer do dia é urinar. Depois me olho no espelho. Um amontoado de tinta, cicatrizes e dor. E algo de ambição naquele olhar.
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
Pegou o isqueiro. Não sabia o que fazer. Claro que sabia. Acendeu o cigarro. Bem, a teoria era simples. Encostou-o nos lábios suavemente e tragou a morte. Rápido demais. Ela desceu queimando pelo caminho. Tosse. De novo, mais calma. Um calor descendo por seu peito, passeando por seus pulmões, sendo expelido numa sádica fumaça. Relaxante. Reflectivo...
terça-feira, 11 de outubro de 2011
domingo, 9 de outubro de 2011
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
domingo, 2 de outubro de 2011
Desculpe-me, senhorita, se meu silêncio te incomoda. Mas nele cresci, nele vivi, ele se tornou parte de mim. A melhor parte de mim é a mais silenciosa. A pior parte de mim é a mais silenciosa. O que sou vive em mim em silêncio. Falo muito, falo o que não sou, falo pra preencher com palavras vazias os livros de minha história, falo para que não venham procurar algo mais nessa carcaça. Falo, falo pouco quando penso, e não pense nem por um segundo que é porque te dispenso. Falo, falo minha verdade às vezes, falar-te-ei quando estivermos a sós. E me calo, às vezes quero ficar assim, às vezes quero que tire isso de mim, às vezes quero que fique assim comigo. Mas... Desculpe-me, minha senhora, se meu silêncio te incomoda.
Mais uma madrugada acordado. Mais uma madrugada sendo enganado
por mim. Fingindo
que de errado não há nada.
E quando não aguentar mais ficar em pé, vou dormir. Pra ter um sono de merda e acordar para ter um dia de merda. E passar o dia achando tudo uma merda. E sorrir sorrisos de merda fingindo que não há merda para pessoas de merda. E ver pessoas de merda no caminho de pedra da volta. E se olhar no espelho e pensar 'seu merda'. E ir gastar sua noite, sua vida e sua madrugada em qualquer coisa. E quando não aguentar mais ficar em pé, vou dormir.
Às vezes acordo e percebo que preferia continuar sonhando, às vezes me pergunto se ainda não estou sonhando, porque todo esse mal estar, toda essa vida de merda, não pode ser real...
E às vezes acordo bem, nada na cabeça, me esqueci de tudo, são os segundos mais perfeitos de meu dia.
por mim. Fingindo
que de errado não há nada.
E quando não aguentar mais ficar em pé, vou dormir. Pra ter um sono de merda e acordar para ter um dia de merda. E passar o dia achando tudo uma merda. E sorrir sorrisos de merda fingindo que não há merda para pessoas de merda. E ver pessoas de merda no caminho de pedra da volta. E se olhar no espelho e pensar 'seu merda'. E ir gastar sua noite, sua vida e sua madrugada em qualquer coisa. E quando não aguentar mais ficar em pé, vou dormir.
Às vezes acordo e percebo que preferia continuar sonhando, às vezes me pergunto se ainda não estou sonhando, porque todo esse mal estar, toda essa vida de merda, não pode ser real...
E às vezes acordo bem, nada na cabeça, me esqueci de tudo, são os segundos mais perfeitos de meu dia.
sábado, 1 de outubro de 2011
Você me ouve arranhar as paredes?
É claro que não, você nem me ouve gritar.
Você ouve o que sussurram em minha cabeça?
É claro que não, você nem me ouve gritar.
Eu ainda continuo dançando, meu bem.
Eu continuo dançando, mesmo sozinho.
Agora eu danço uma dança de morte.
Eu desejo a morte e ela me deseja.
Eu a terei antes que ela me tenha.
E eu a levarei num passeio comigo.
Nós vamos dançar a noite toda
e vamos dançar as noites todas
eu e a morte, uma dança de morte
abençoados por luna
amaldiçoados por luna
as noites serão intensas e o final ridículo.
É claro que não, você nem me ouve gritar.
Você ouve o que sussurram em minha cabeça?
É claro que não, você nem me ouve gritar.
Eu ainda continuo dançando, meu bem.
Eu continuo dançando, mesmo sozinho.
Agora eu danço uma dança de morte.
Eu desejo a morte e ela me deseja.
Eu a terei antes que ela me tenha.
E eu a levarei num passeio comigo.
Nós vamos dançar a noite toda
e vamos dançar as noites todas
eu e a morte, uma dança de morte
abençoados por luna
amaldiçoados por luna
as noites serão intensas e o final ridículo.
domingo, 25 de setembro de 2011
Sentei-me à mesa, hora de jantar, todas as cadeiras me olhando comer
todas adoram minha virtuosa companhia e querem me dispensar
eu também adoro e aproveito bem o tempo comigo.
Faço-me sorrir com piadas toscas.
Brinco de adivinhar o futuro e, quem sabe, planejá-lo
eu me divirto | Adoro minha companhia e o momento da despedida é sempre ruim.
Antes fosse, antes fosse... -disse-me eu.
E lá se foi outro gole da santa felicidade.
todas adoram minha virtuosa companhia e querem me dispensar
eu também adoro e aproveito bem o tempo comigo.
Faço-me sorrir com piadas toscas.
Brinco de adivinhar o futuro e, quem sabe, planejá-lo
eu me divirto | Adoro minha companhia e o momento da despedida é sempre ruim.
Antes fosse, antes fosse... -disse-me eu.
E lá se foi outro gole da santa felicidade.
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
Sickness
I wanna cut through your skin and give you a taste of pain.
I wanna show you the monster I learned to be.
I'll teach you something. I hope you learn.
It won't hurt forever but the scars won't go away. And when you see those scars you shall remember how it hurts.
Without pleasure. With no mercy. I will cut you until you beg to die. And then, only then, I will set you free.
And all this only because you have done the same.
And all this just to thank you for your lesson.
I wanna show you the monster I learned to be.
I'll teach you something. I hope you learn.
It won't hurt forever but the scars won't go away. And when you see those scars you shall remember how it hurts.
Without pleasure. With no mercy. I will cut you until you beg to die. And then, only then, I will set you free.
And all this only because you have done the same.
And all this just to thank you for your lesson.
domingo, 18 de setembro de 2011
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
terça-feira, 6 de setembro de 2011
Ah... Era como tirar um peso das costas, e eu tinha a leve impressão que aquele saco de batatas que acabei de descarregar estava de certa forma relacionado com isso. Fumei um de meus cigarros imaginários com referência real, um papel de bala enrolado, e não há nada mais saudável. Relaxamento e nenhum dano aos órgãos. Fora a possibilidade de pensar calmamente. Uma tragada, o peito enchendo-se do mais puro ar possível. A noite fora agitada e cansativa. E eu estava mais preocupado com o que viria a seguir. Nah... Preocupado era a única coisa que eu não estava. Comecei a me questionar, mas de um jeito suave, quando minha auto-confiança se tornou arrogância e quanto isso estava me atrapalhando. O silêncio sempre fora minha melhor arma e eu o estava deixando de lado. Nada bom. Estava descuidado por me achar preparado, e as coisas insistiam em me provar isso. Outra tragada. Minha presunção estava me levando a erros idiotas. Só a minha sorte me segurou em pé ali. Acelerei um pouco o passo, o sol da manhã ainda não penetrara a camada gélida sobre a cidade. O sangue circulou mais rápido e aqueceu meu corpo, me pedindo para correr. Não, eu deveria me manter no controle como sempre. Ao menos até o momento adequado. Parei na fachada daquele prédio que se abria, limpo e convidativo; nada demais para um banco. Outra tragada. A última. E amassei o cigarro, jogando na lixeira próxima. Adentrei, já era hora de largar essa ideia besta de dizer a verdade.
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
O que sinto? - me perguntaram. Eu sinto fome, sinto sede, sinto o vento em meu rosto, sinto o sol em minha pele, sinto-me confortável no escuro, sinto-me como uma peça sobressalente, sinto que deveria me calar, sinto que eu preciso de um lugar para retornar. Sinto que este mundo está todo errado e que crer em outro é uma forma de conforto idiota e um jeito banal de se eximir da responsabilidade, sinto que acabarei num erro tolo e que todos meus rastros sumirão em poucas décadas, sinto vergonha de pertencer a mesma raça que vocês. Sinto-me sufocado; sinto-me deslocado; sinto-me preso. Sinto-me idiota. Sinto dor. Sinto desejo. Sinto formas primitivas de emoções. Sinto o opressor e todo-poderoso Tempo. Sinto-me desperdiçando minha vida, e por isso, meu caro, digo-te que sinto muito.
Dos humanos
1- O egocentrismo inerente às pessoas constitui sua fraqueza maior e seu ponto de ruptura em qualquer situação.
sábado, 27 de agosto de 2011
Recebi a notícia que ele estava internado, e o que era apenas uma espera por alta se tornou algo complicado sem previsão para ser liberado. Nunca imaginei que isto ocorreria - mas o que senti ao ouvir a notícia foi inconfundível. Não foi nada demais, um prazer ínfimo até; mas significava o mais largo de meus sorrisos naqueles dias nublados.
terça-feira, 23 de agosto de 2011
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Entrei naquele banheiro que na minha infância fora um esconderijo. Tranquei a porta, fechei a janela, liguei o chuveiro, não queria ouvir o vazio em minha cabeça. Olhei-me no espelho enquanto me despia. Ali estava, nu e apático. Fazia tempo que não me via assim, três dias sem banho e uma apatia sem igual na vida. O frio, a falta de movimento, a dor no peito e o pequeno calor que aquela vingança ainda não nascida proporcionava. Nunca me sentira tão... derrotado. A vitória sempre fora algo a ser conquistado com um pouco mais de esforço. Não desta vez. Andei com a impressão que as pessoas estavam realmente dizendo coisas importantes mas eu nem as conseguia ouvir. Tirei os óculos, encarei-me. Parecia apenas questão de minutos para cair e desistir. Meu corpo parecia querer ruir pra dentro, encolher-se até a insignificância, a inexistência. Olheiras, a barba ainda bela pelo corte de semanas atrás. Fechei os olhos, toquei minhas cicatrizes e meus ferimentos. Nunca tivera mais força. Nunca ela me fora tão inacessível.
Sai do banho completamente diferente, o disfarce renovado pela água. Preparei-me para o frio que estava pela cidade e, cedo demais, saí para o compromisso. Enrolei o máximo que pude pelo caminho, passei em lojas, fiz orçamentos de coisas que nunca quis, ofereceram-me propostas que nunca iria aceitar mas disse que pensaria sobre. Cheguei adiantado, dez minutos, e dei uma volta no quarteirão, o que fez metade dos meus colegas surgir numa mesa me esperando. Sentei-me, conversamos até os outros três chegarem, fizemos o pedido e eu bebi até achar que a garçonete me paquerava. Talvez estivesse sóbrio e sendo paquerado; talvez fosse quem estava do meu lado o alvo daqueles olhares; talvez fosse apenas ela tirando sarro; talvez ela quisesse os dois... Hoje em dia as pessoas andam mais perversas, e nunca se sabe seu tipo de perversão. Poderiam ocorrer várias coisas interessantes, mas tudo que me lembro foi de ficar um pouco mais engraçado, ter que correr(mesmo) para pegar um táxi para chegar no ponto a tempo de pegar o ônibus(o último, pra fechar a noite) e perder a noção do tempo ao entrar em casa.
Só fui dormir quando não aguentava mais manter os olhos abertos. O dia seguinte foi engolido por café e computador. Mas isso estava perdoado hoje, finalmente domingo para iniciar mais uma semana. Dois dias desde a última vez que olhei pro lado de fora. Não conseguia estragar muito de minha vida, era feriado; mas andava terrível e irreversivelmente me estragando. A barba estava agora desgrenhada e o rosto pior que das vezes que tomei um soco na cara; sentia meu cérebro sendo espremido e meu corpo não estava funcionando bem. Eu não me agarrava desesperadamente a isto mas era a única coisa que me impelia a continuar. Vingança. Isso estava me tornando forte de um jeito que não aprecio. Frio, forte, louco, doente, insano. Mas eu iria me controlar e fazer tudo com extrema precisão, não iria cometer erros. Apesar de ter acabado de cometer meu primeiro. Saí um pouco, respirei o ar gelado e noturno. Olhei a lua. Simpatizei-me com aquela única metade visível. Apaguei e reapareci no banheiro. Fitei-me. Não conseguia sentir pena daquilo. Não conseguia sentir nada por aquilo. Isso me fazia sorrir.
Sai do banho completamente diferente, o disfarce renovado pela água. Preparei-me para o frio que estava pela cidade e, cedo demais, saí para o compromisso. Enrolei o máximo que pude pelo caminho, passei em lojas, fiz orçamentos de coisas que nunca quis, ofereceram-me propostas que nunca iria aceitar mas disse que pensaria sobre. Cheguei adiantado, dez minutos, e dei uma volta no quarteirão, o que fez metade dos meus colegas surgir numa mesa me esperando. Sentei-me, conversamos até os outros três chegarem, fizemos o pedido e eu bebi até achar que a garçonete me paquerava. Talvez estivesse sóbrio e sendo paquerado; talvez fosse quem estava do meu lado o alvo daqueles olhares; talvez fosse apenas ela tirando sarro; talvez ela quisesse os dois... Hoje em dia as pessoas andam mais perversas, e nunca se sabe seu tipo de perversão. Poderiam ocorrer várias coisas interessantes, mas tudo que me lembro foi de ficar um pouco mais engraçado, ter que correr(mesmo) para pegar um táxi para chegar no ponto a tempo de pegar o ônibus(o último, pra fechar a noite) e perder a noção do tempo ao entrar em casa.
Só fui dormir quando não aguentava mais manter os olhos abertos. O dia seguinte foi engolido por café e computador. Mas isso estava perdoado hoje, finalmente domingo para iniciar mais uma semana. Dois dias desde a última vez que olhei pro lado de fora. Não conseguia estragar muito de minha vida, era feriado; mas andava terrível e irreversivelmente me estragando. A barba estava agora desgrenhada e o rosto pior que das vezes que tomei um soco na cara; sentia meu cérebro sendo espremido e meu corpo não estava funcionando bem. Eu não me agarrava desesperadamente a isto mas era a única coisa que me impelia a continuar. Vingança. Isso estava me tornando forte de um jeito que não aprecio. Frio, forte, louco, doente, insano. Mas eu iria me controlar e fazer tudo com extrema precisão, não iria cometer erros. Apesar de ter acabado de cometer meu primeiro. Saí um pouco, respirei o ar gelado e noturno. Olhei a lua. Simpatizei-me com aquela única metade visível. Apaguei e reapareci no banheiro. Fitei-me. Não conseguia sentir pena daquilo. Não conseguia sentir nada por aquilo. Isso me fazia sorrir.
domingo, 7 de agosto de 2011
Estava destrancando a porta, pular o muro fora fácil e não ter nenhum cachorro só facilitava a ação. A porta se abrira. Entrou, encostou a porta, começou a subir as escadas; tudo silenciosamente. No segundo lance de degraus, já descobria onde ficavam os quartos. Por precaução, ao terminar de subir a escada, olhou para o lado oposto ao dos quartos. Assustou-se. Alguém estava sentado numa cadeira, com o braço direito na escrivaninha e a cabeça sobre ele; levantou a cabeça vagarosamente, como que sonolento, e encarou-o. Seus olhos contradiziam seus gestos. Seu olhar era opressor. Não durou mais que alguns segundos. Retornou para a mesma posição, indiferente. O invasor, surpreso e atônito, foi embora. Tomando o cuidado de trancar a porta ao sair.
Poderia muito bem esquecer tudo e morar lá, isolado. Na verdade, já havia esquecido grande parte. Admito que a ideia me era atraente... Aquele silêncio... Ter por companhia a loucura que mais admirava, a minha. Sem pessoas para quem mentir; sem a necessidade de mentir para sobreviver; sem sorrisos falsos para distribuir; sem o deus Tempo. A verdade à amostra, nunca questionada; gargalhadas de diversão, mandava ali uma pacífica suavidade. Na verdade, o que mais me agradava era ter ninguém enchendo. Ninguém para me enojar. Ninguém para ter pena ou sentir repulsa por pertencer à mesma raça. Olhei para frente, um frasco de shampoo, um sabonete e uma faca me esperavam. Porque mais estaria eu nu no banheiro se não para tomar banho? Para escrever, talvez.
quarta-feira, 27 de julho de 2011
Maybe someday you should come here to know my pain
Please, don't tell me about your dreams.
I don't wanna see they becoming true.
Please, shut up and get off.
I don't wanna see you anymore.
I just wanna hear you scream.
I just wanna hear you groan.
I don't wanna let you down. So I'll do my best.
I'll make it unforgettable and unforgivable.
You'll love.
Please, don't tell me about your fears.
I don't wanna see they becoming real.
Please, don't be shy.
Look at me, I wanna see your eyes.
I just wanna hear you beg.
I just wanna be on your bed.
I might give up. But I wanna see you smile.
You shall feel unique. I won't let you sleep.
You'll love.
I don't wanna see they becoming true.
Please, shut up and get off.
I don't wanna see you anymore.
I just wanna hear you scream.
I just wanna hear you groan.
I don't wanna let you down. So I'll do my best.
I'll make it unforgettable and unforgivable.
You'll love.
Please, don't tell me about your fears.
I don't wanna see they becoming real.
Please, don't be shy.
Look at me, I wanna see your eyes.
I just wanna hear you beg.
I just wanna be on your bed.
I might give up. But I wanna see you smile.
You shall feel unique. I won't let you sleep.
You'll love.
segunda-feira, 25 de julho de 2011
sexta-feira, 15 de julho de 2011
Ambição, minha criança? Onde ouviste isso? Hm... Não, não dá ouvidos ao que dizem. Ah, queres saber o que é? Bem... É algo parecido com desejo. Mas está acima disso. Está acima de suas crenças, seus sentimentos, suas vontades. É algo inabalável, e é preciso ser cruel. Ambição é loucura. Que? Se eu tenho uma ambição? As pessoas que não têm ambição não possuem este brilho nos olhos.
segunda-feira, 27 de junho de 2011
terça-feira, 21 de junho de 2011
Sento-me, sempre na mesma cadeira. Na mesma cadeira qualquer. Na sombra, na penumbra, não gosto de luz. Retiro meus óculos e deixo, na mesa, na carteira, no chão. Apoio minha testa em minha mão direita, está quente, febril, sempre. O polegar e o médio sentem a pulsação, as veias inchadas, batendo sem parar, sem piedade. Dor já natural, conhecida, e que nunca deixou de doer. Dor que até me engana; dói por quê? Exames não mostram nada além de saúde. Há pequenos momentos que a dor não alcança. E deles corro atrás. Será que é só disso que se trata?
Sinto mesmo que estou morrendo, que isso está me consumindo, que já perdi muito de mim...
"Tudo bem?"
"Tudo."
Sinto mesmo que estou morrendo, que isso está me consumindo, que já perdi muito de mim...
"Tudo bem?"
"Tudo."
terça-feira, 14 de junho de 2011
É, eu deveria dormir. É, eu deveria descansar. É, eu deveria fazer um monte de coisas.
Mas. Tudo que devo fazer é tudo que não posso. Explicar seria perda de tempo, não resolve. Não há nada a ser feito. Exceto esperar...
Esperar pelo fim.
E ele virá. No momento mais inoportuno possível. Virá inevitável como o solo que corre em sua direção enquanto flutua no ar.
Virá. Inexorável. Imbatível. Cruel.
É o fim. E não há nada depois disso, não se engane. As coisas tem um início e um fim. Um. Não se pode começar as coisas de novo.
Não se engane. Com essas mentiras mais complexas que a verdade. Nua, clara, simples. Pura. Temes, não é?
É por medo, não é? É por medo que crias essa camada intransponível, toda poderosa e imortal?
Aqui, sente. Ajoelhe, se preferir. Pode se matar feliz.
A verdade... É forte, pesada, dolorosa, inconcebível. Das ist die Wahrheit.
sexta-feira, 10 de junho de 2011
quinta-feira, 9 de junho de 2011
Estão todos os adultos em igrejas.
E as crianças revoltadas na rua.
Adultos cumprem sua dita obrigação.
Crianças querem provar que os adultos estão errados,
mais até que provar que eles próprios estão certos.
Qualquer dificuldade de qualquer dos lados é deixada de lado sob o título de destino.
Ridículo, essas pessoas e suas muletas...
E as crianças revoltadas na rua.
Adultos cumprem sua dita obrigação.
Crianças querem provar que os adultos estão errados,
mais até que provar que eles próprios estão certos.
Qualquer dificuldade de qualquer dos lados é deixada de lado sob o título de destino.
Ridículo, essas pessoas e suas muletas...
Travou a arma e guardou no coldre, estava determinado a não matar o homem defronte. Algo gritava para que fizesse. Ele precisava matá-lo. Ele precisava fazer algo. Deu-lhe um soco. O homem demorou um pouco para voltar o rosto pro lugar mas trazia um sorriso doentio e uma promessa de uma risada doentia. Estava com o tronco e as pernas amarrados a uma cadeira. O rosto escoriado e roxo indicava que aquele não era o primeiro soco durante as duas horas amarrado ali. O iminente assassino andava de um lado a outro, resmungava, gritava, suas passadas eram irregulares e cambaleantes; parou abruptamente na frente do homem, sacou a arma e apontando no rosto dele berrou "Como pôde?!", como fizera outras seis vezes. Mas ele não aguentava mais, ele realmente não aguentava mais. Algo gritava para que fizesse. Ele precisava matá-lo. Ele precisava fazer algo. O homem começou a rir descontroladamente, sua gargalhada era insuportável. Um tiro. Um silêncio respeitoso pairou... A gargalhada continuava a ser ouvida. O homem tinha a boca escancarada e um filete de sangue escorrendo de um buraco na testa, os olhos vidrados no teto. Com a mão livre, o então assassino segurava a cabeça e firmava os dedos contra ela. A gargalhada continuava. A gargalhada continuou... Até o segundo disparo.
sexta-feira, 3 de junho de 2011
sábado, 28 de maio de 2011
terça-feira, 24 de maio de 2011
domingo, 22 de maio de 2011
sábado, 21 de maio de 2011
sexta-feira, 20 de maio de 2011
quarta-feira, 11 de maio de 2011
quinta-feira, 5 de maio de 2011
terça-feira, 3 de maio de 2011
Hidaneumad, sov troi os nectaso. Deev em ep sovsa gadirtae. Noa ha dasarap. Acoos mepres vileneivat, rop icaniodef. O dicioius, o ucino omei zaceif. Precmae darcocron e ronarig. Moc sase acar ed padaot e sase acaf no otipe, omoc equ haluanopad rop toumer. Pemro bessa equ os ha uta gadcerasad lepro. Dicioius. Zidsvelerpe...
domingo, 1 de maio de 2011
terça-feira, 26 de abril de 2011
Elas só sabem abaixar a cabeça e desviar os olhos. E brigar com quem não tem capacidade de brigar com elas, descontar no mais fraco, que desconta no mais fraco, até chegar no grande fracote que vai aguentando toda essa merda voando nele até estourar e acabar estourando alguém. Culpado ou não.
São patéticas, inúteis, espaçosas, barulhentas... Oh, como são barulhentas! Que Deus não as perdoe. Algo do tipo 'Que ar lhe falte nesses pulmões putrefeitos. Que se engasgue com essa velha saliva que banha esses dentes rotos. E que algo, se é que há algo aí, estoure nessa sua vermífica cabeça.' Nah... Isso foi pra alguém específico e não é pra tanto. Elas podem simplesmente desaparecer.
E gritam. Gritam. E gritam. Por que gritam tanto? Gritam entre si. Gritam pros outros verem que estão gritando com outros. Gritam pra si. Gritam tudo que não fazem e nem farão. Gritam o que não tem coragem de fazer. Gritam de raiva. Gritam por necessidade. Gritam por bobeira. Gritam por besteira. Gritam besteiras. Gritam com Deus. Gritam por Deus. Como famintos pestilentos esticando os esqueléticos braços, tentando alcançar um maldito pedaço de pão que lhes é atirado.
Sabe, não importa se tem algo limpo no meio dessa merda toda. O fedor vence. A coisa toda fede.
É um câncer.
São patéticas, inúteis, espaçosas, barulhentas... Oh, como são barulhentas! Que Deus não as perdoe. Algo do tipo 'Que ar lhe falte nesses pulmões putrefeitos. Que se engasgue com essa velha saliva que banha esses dentes rotos. E que algo, se é que há algo aí, estoure nessa sua vermífica cabeça.' Nah... Isso foi pra alguém específico e não é pra tanto. Elas podem simplesmente desaparecer.
E gritam. Gritam. E gritam. Por que gritam tanto? Gritam entre si. Gritam pros outros verem que estão gritando com outros. Gritam pra si. Gritam tudo que não fazem e nem farão. Gritam o que não tem coragem de fazer. Gritam de raiva. Gritam por necessidade. Gritam por bobeira. Gritam por besteira. Gritam besteiras. Gritam com Deus. Gritam por Deus. Como famintos pestilentos esticando os esqueléticos braços, tentando alcançar um maldito pedaço de pão que lhes é atirado.
Sabe, não importa se tem algo limpo no meio dessa merda toda. O fedor vence. A coisa toda fede.
É um câncer.
segunda-feira, 25 de abril de 2011
E ninguém aqui. Mas alguém deveria estar.
Eu. Ao menos eu deveria estar aqui.
Deixei meu corpo solitário ali enquanto encarava minha mente, impassível.
Estou me desligando de novo.
Apagando o que já senti e o que estou sentindo.
Deixando de sentir.
Retornando àquela carcaça. Sorridente e indiferente.
Parece que tem que ser assim. Pois assim sempre acaba.
Isso aqui? A última tristeza. A primeira observação.
Lembranças em fatos. Ações, encenações.
O líquido escorre e o frasco esvazia.
Parece que tem que ser assim. Viver minha vida na minha cabeça.
O pior? Eu gosto disso...
Parece mais seguro. Parece mais certo.
Independente. Indomável.
Eu, eu, eu, eu e eu.
Um equilíbrio de mim.
Eu no plural.
Solitude.
Ah, o prazer em ser eu.
Indecifrável.
Eu. Ao menos eu deveria estar aqui.
Deixei meu corpo solitário ali enquanto encarava minha mente, impassível.
Estou me desligando de novo.
Apagando o que já senti e o que estou sentindo.
Deixando de sentir.
Retornando àquela carcaça. Sorridente e indiferente.
Parece que tem que ser assim. Pois assim sempre acaba.
Isso aqui? A última tristeza. A primeira observação.
Lembranças em fatos. Ações, encenações.
O líquido escorre e o frasco esvazia.
Parece que tem que ser assim. Viver minha vida na minha cabeça.
O pior? Eu gosto disso...
Parece mais seguro. Parece mais certo.
Independente. Indomável.
Eu, eu, eu, eu e eu.
Um equilíbrio de mim.
Eu no plural.
Solitude.
Ah, o prazer em ser eu.
Indecifrável.
quinta-feira, 21 de abril de 2011
quarta-feira, 20 de abril de 2011
terça-feira, 19 de abril de 2011
sábado, 16 de abril de 2011
o que não muda
Diga, diga pra mim
que o herói ainda
terá seu prometido heróico fim
Diz, diz para mim
que o vôo já vai sair
e perdôo por atrasar assim
Por quê ignoram a feiúra?
Por quê não vêem a beleza?
Causam-me enjôo com essa paranóia.
Você sabe, o show termina sem aplausos da platéia.
Tu sabes, tudo morre; até as idéias.
que o herói ainda
terá seu prometido heróico fim
Diz, diz para mim
que o vôo já vai sair
e perdôo por atrasar assim
Por quê ignoram a feiúra?
Por quê não vêem a beleza?
Causam-me enjôo com essa paranóia.
Você sabe, o show termina sem aplausos da platéia.
Tu sabes, tudo morre; até as idéias.
terça-feira, 12 de abril de 2011
A verdade é que ninguém gosta mesmo da presença de Deus. Até nas despedidas mais rápidas, tentam empurrar ele para outro. "Vai com Deus" "Fica com Deus" "Deus te acompanhe"... Ou acham que ele é um tamagoshi ou o acham desagradável. Bem, de qualquer maneira, se eu fosse ele, passava a ignorar essa galerinha.
Ah, vai-te daqui! Deixa-me quieto! Deixa-me só. Nesse iniciar de um novo dia. A escuridão continua mas a noite se torna madrugada. Sim, é nessa hora que vou ficando mais fraco. O cansaço se impõe, a loucura emerge. Mas, é nessa hora que posso recebê-la em paz. O silêncio permite que ela passeie por meu corpo e eu ainda mantenha o controle. Permite-me avaliar-me(e desprezar o que vejo). Sentir toda frustração, toda decepção, toda dor, todo asco. Pensar. Enlouquecer. Desmaiar.
segunda-feira, 4 de abril de 2011
segunda-feira, 28 de março de 2011
Terminei meu banho. 01:12. Madrugada. Puxei a toalha. Fiquei um tempo com as mãos pousadas no rosto sobre a toalha.Algo incomodava minha garganta. Cuspi na pia. Apenas saliva. Não estava para cuecas. Apenas me sequei melhor e abri a porta. O ar gelou minhas pernas. Comecei a envolver a toalha em minha cintura e sai do banheiro. Um estrondo. Um barulho de várias coisas caindo. Aproximei-me devagar da beirada da escada e fiquei a fitar o último degrau - ou o primeiro, pra quem sobe. Imaginando o que poderia ocorrer. Preparando-me. E se subisse alguém com uma arma e me mandasse levantar as mãos? Eu simplesmente ainda não tinha prendido a toalha. Livrei minha cabeça dessas ideias e fixei minha atenção no último degrau da escada. Meus ouvidos distinguindo os sons, alertas para não serem ludibriados por minha imaginação. Meus olhos fixos numa atenção louca, doentia, predatória. Fico um bom tempo imóvel. Sem pensar. Apenas pronto. Nada. Recuo até o banheiro(prendendo devidamente a toalha que até agora apenas segurei com o braço direito contra a cintura). Chutava que tinha ficado parado por dez minutos. 01:37. Achei um exagero. Somente agucei minha audição para ter certeza. Ouvi um galope atrás de mim. Distante. Lá na avenida. Depois um cachorro latindo, aparentemente em seu encalço. Passou um caminhão com suas engrenagens chiantes. Estranho.
sábado, 26 de março de 2011
sexta-feira, 25 de março de 2011
terça-feira, 22 de março de 2011
Olha só esse cabelo desgrenhado, essas unhas compridas, essa barba não feita. Falta-lhe o cuidado com seu corpo. 'Envergonha-te'. Deveriam lhe dizer. Mas a barba lhe encaixa bem no rosto, as unhas estão belas ainda e o cabelo ainda reflete o que fora outrora, ainda brilha. Parece que o natural tende ao belo. Mas... Olha esse olhar... Olha bem esses olhos... Inócuos, domesticados, vazios, inertes. Envergonha-te!
segunda-feira, 21 de março de 2011
Ei, minha criança, há quanto tempo não te via?
Ainda contas as mesmas mentiras?
E esses olhos vermelhos? Andou chorando de novo?
Venha cá, não tenha vergonha. Conheço-te, não tente disfarçar.
Não, não, para. Não comece a chorar. Diga-me o que andou fazendo.
Não liga para o que disseram. É apenas inveja deles.
Eles invejam esse teu lindo dom, minha criança.
Hum... O que? Se o que eu digo é verdade?
Claro que sim.
Ainda contas as mesmas mentiras?
E esses olhos vermelhos? Andou chorando de novo?
Venha cá, não tenha vergonha. Conheço-te, não tente disfarçar.
Não, não, para. Não comece a chorar. Diga-me o que andou fazendo.
Não liga para o que disseram. É apenas inveja deles.
Eles invejam esse teu lindo dom, minha criança.
Hum... O que? Se o que eu digo é verdade?
Claro que sim.
Cavaleiro da triste figura
Aquele ali que anda sem destino e sem ânimo. Também pudera, anda com coração de outrem no peito. O coração daquela a quem ele deu o seu. Os olhos vazios parecem sem fundo, carrega neles uma tristeza indizível. Vez ou outra, cabisbaixo; mas sempre que o percebe, obriga-se a erguer a cabeça. Seu olhar cruza com o de todas as pessoas que por ele passam. Nunca acha o que procura nos outros olhos. E vagueia assim a procurar. A esperar? Não sabe. Só conhece a cor de seus olhos, de suas ondas, o seu cheiro. Ele só não vai aonde tem certeza de encontrar. O dragão monta guarda em seu covil, antes fosse um moinho de vento. E assim vagueia a procurar. Colocando muito de sua imaginação no seu longo tormento. Face a face à loucura. Com a tristeza estampada no rosto, num meio sorriso sem gosto. Cavaleiro da triste figura.
Sinto os vermes rastejando sob a minha pele, querendo sair, rastejando lentamente para minha cabeça, os demônios se agitam em suas gaiolas. Os vermes sussurram... Sussurram coisas... Eles me dizem... Eles me dão sugestões... Na boca aquele gosto horrível que nunca sai. Tateio minhas cicatrizes para distinguir a realidade. Com estes olhos malditos eu vejo, eu vejo a verdade.
domingo, 20 de março de 2011
sábado, 19 de março de 2011
Diz graças a...
Deve ser no mínimo engraçado,
ver-me perder tudo por mim conquistado.
Cada esforço sendo recompensado,
só para ter algo a ser retirado.
Tenha, no mínimo, o bom senso de sem nada deixar-me.
Não ter nada a perder. Heuchler īners.
ver-me perder tudo por mim conquistado.
Cada esforço sendo recompensado,
só para ter algo a ser retirado.
Tenha, no mínimo, o bom senso de sem nada deixar-me.
Não ter nada a perder. Heuchler īners.
terça-feira, 15 de março de 2011
E aqui, através da mesma janela que vi o alvorecer, fito o céu noturno sem nenhuma esperança. Apenas com a espera inócua, vazia, indiferente. Chega a chuva, como se por ela esperasse. Escuro demais para vê-la, apenas ouço sua invertida ascensão, sua gênese suicida, seu gotejar em si. Até fechar as janelas e os ouvidos para o mundo além de mim.
segunda-feira, 14 de março de 2011
domingo, 13 de março de 2011
Sentes o tempo passar?
Não é ouvir um tique imaginário de cada segundo.
Não é sentir o sol descrever um arco no céu.
Não é perceber que já passou uma hora desde que chegou.
Não é olhar-se no espelho um dia qualquer e ver-se mudado pelo tempo.
Não é ser pontual.
É difícil descrever... Uma definição? Opressor.
Não é ouvir um tique imaginário de cada segundo.
Não é sentir o sol descrever um arco no céu.
Não é perceber que já passou uma hora desde que chegou.
Não é olhar-se no espelho um dia qualquer e ver-se mudado pelo tempo.
Não é ser pontual.
É difícil descrever... Uma definição? Opressor.
sexta-feira, 11 de março de 2011
O ser humano precisa conversar. O necessário diálogo e, vez ou outra, uma conversa com vários. O humano que não dialoga é essencialmente burro. Diálogo verbal, mesmo que imaginário. Conversar consigo. Falar retoricamente. Não que falar estimule o pensar, apenas o (des)coordena. Desnecessário falar mais que isso. Não? Palavras meias já lhe bastam. Irônico, não é?
Tanta bagunça na cidade por um dia. Atrapalham a cidade uma trinca de dias para andarem alguns quilômetros numa noite. Argh. Enojam-me esses humanos. E a outra ainda vem pedir à filha para me perguntar se eu assisti ao carnaval... Francamente... Vou fazer uma placa 'Eu sorrio mas tenho nojo de vocês'. As exceções são poucas, contáveis nos dedos. Pés.
domingo, 27 de fevereiro de 2011
Meus olhos continuam ardendo e eu continuo vendo
através dessa grade que não impede meu olhar e
nem o vento, que vem até mim e me acaricia o rosto,
que traz ao meu olfato várias sensações.
Um cheiro novo desse mundo velho; vejo o tempo passar,
as coisas tentando permanecer como estão...
As horas mudam, o dia muda, vira noite.
Ela me mandou olhar a lua, quero olhar.
Mas não há nada além de escuridão e lágrimas no céu.
O vento não mais me traz cheiros,
tudo que faz é meu calor levar.
Levanto-me e vou embora.
Procurando onde ficar...
Meus olhos continuam ardendo e eu continuo vendo.
através dessa grade que não impede meu olhar e
nem o vento, que vem até mim e me acaricia o rosto,
que traz ao meu olfato várias sensações.
Um cheiro novo desse mundo velho; vejo o tempo passar,
as coisas tentando permanecer como estão...
As horas mudam, o dia muda, vira noite.
Ela me mandou olhar a lua, quero olhar.
Mas não há nada além de escuridão e lágrimas no céu.
O vento não mais me traz cheiros,
tudo que faz é meu calor levar.
Levanto-me e vou embora.
Procurando onde ficar...
Meus olhos continuam ardendo e eu continuo vendo.
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
Tudo que vejo e não digo
seja por não saber, seja por não querer
vai morrer e apodrecer comigo
Tudo que penso e tudo que sinto
não é nada do que aparento ser
com sorrisos é como minto
A eloquência não me abandona
mesmo que a sanidade o faça
um tanto do problema é ela ser falsa
mas antes fosse isso o que me assombra
Querer dizer muitas coisas, ritmadas até, e disso não ser capaz
acabar assim, escrevendo algo vazio, insignificante
a fundo, nada disso é importante
é apenas a imagem dos olhos firmes que o espelho me traz.
seja por não saber, seja por não querer
vai morrer e apodrecer comigo
Tudo que penso e tudo que sinto
não é nada do que aparento ser
com sorrisos é como minto
A eloquência não me abandona
mesmo que a sanidade o faça
um tanto do problema é ela ser falsa
mas antes fosse isso o que me assombra
Querer dizer muitas coisas, ritmadas até, e disso não ser capaz
acabar assim, escrevendo algo vazio, insignificante
a fundo, nada disso é importante
é apenas a imagem dos olhos firmes que o espelho me traz.
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
Bater a cabeça contra a parede é uma experiência única, extremamente rápida e dolorosa. Fechar os olhos e investir com a fronte na parede fará com que veja um brilho, como se algo explodisse, no momento do impacto. (Talvez algo tenha estourado mesmo. Espero que não o crânio, nem algo dentro dele.) A dor é longa e espaçosa, como um tecido sendo puxado e puxado, demora a acabar. Um pouco maior que um lençol de uma cama de casal. E é ondulante, como se o lençol estivesse sendo balançado, deixando incapacitado mentalmente de se localizar, de concluir raciocínios, de ter novas, de pensar em outra coisa além de um "ai..." prolongado e sofrido.
E é absolutamente inútil. Só isso.
E é absolutamente inútil. Só isso.
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
Acalma-te, esperas.
Tem paciência.
O tempo vai te compensar.
Ele vai trazer um novo amor
ou recuperar o antigo.
Vai fazer-te esquecer a dor,
apagar as cicatrizes.
Trará fortuna do modo que preferir,
boa sorte ou dinheiro.
Ou é o que ainda esperas
enquanto o tempo passa
e quando estiveres no fim,
se houver outra vida,
sente-se traído.
Pelo tempo.
Eternamente.
Tem paciência.
O tempo vai te compensar.
Ele vai trazer um novo amor
ou recuperar o antigo.
Vai fazer-te esquecer a dor,
apagar as cicatrizes.
Trará fortuna do modo que preferir,
boa sorte ou dinheiro.
Ou é o que ainda esperas
enquanto o tempo passa
e quando estiveres no fim,
se houver outra vida,
sente-se traído.
Pelo tempo.
Eternamente.
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
domingo, 6 de fevereiro de 2011
Nós
Estávamos de mãos dadas, sentados no chão, olhando hipnotizados para o fogo que a consumia. Momentos antes, ela a viu, a examinando, os olhos correndo rápido por toda sua extensão, sendo tomados de um tom rosado e uma urgência frenética de acabar, por enquanto só de acabar de avaliá-la. Mas já havia sinais da raiva que a dominava, a mão querendo esmagar, a mandíbula mexendo convulsivamente. Ela acaba de avaliar. Bufa e não se contém mais, grita numa forma de liberar sua raiva. Não consegui deixar de admirar aquele momento, de admirá-la, de perceber cada vez mais quão parecido somos. Claro, há várias diferenças; claro, havia mais naquela cena do que posso (d)escrever. E, além do mais, estava fascinado demais para ter clareza ao narrar depois... Só não pude evitar de tomá-la em meus braços e beijá-la até seu ar acabar. Depois disso houve um pouco de conversa, um pouco de várias coisas, e a necessidade de a queimar. "Vamos." foi a minha resposta para ela. Fomos. Lá estávamos, de mãos dadas, sentados no chão, olhando hipnotizados para o fogo que a consumia. Parecia tentar resistir, queimando lentamente, numa tentativa inútil de se salvar ou conseguir perdão. Em vão. Foi lindo vê-la queimar. "Asche zu Asche". As mãos dela e meus pés sujos de cinzas. Levantamos, nos abraçamos. O vento soprou com suavidade e força, trazendo-me o cheiro que ela tinha. Seu característico cheiro e o cheiro de fumaça misturados, realçando o cheiro dela. Aquele olor me excitava. Doce aroma. O vento soprou com suavidade e força, reduzindo os restos do que queimamos, revolvendo as cinzas, transformando-a em pó. "Staub zu Staub".
Sinto um pouco do frio no ar. Está vindo. Novamente. Sempre vem. O frio. A lua crescente. A lua dos videntes. Sorrisos nas faces. Sussurros nos ouvidos. Nada para se ver. E quando lua cheia vier. A dança frenética dos olhos começará. A ardência no peito aumentará. Os desejos. A vontade. A fúria. A lua dos guerreiros.
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
Eu senti o ódio subindo por mim. Percorrendo minhas costas, fazendo-a se eriçar. Todo o meu corpo se preparando. Cerro os punhos. Travo os dentes. Está em minha garganta. Está na minha cabeça. Está nos meus olhos. Curvo-me sobre mim. Meu corpo tentando se expandir. Suprimo. Respiro. Acabou. Por agora...
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
O mês acabou. A estação passou.
Seus planos já estão todos atrasados.
Seus projetos são as coisas que não fez por estar enrolado.
O ano acabou. A semana passou.
Sua resolução de ano-novo já se desfez.
Seu reflexo continua o mesmo que daquela vez.
Criou novos vícios para se livrar dos antigos.
Insatisfeito, se enchendo de prazer.
Não, não adianta correr. Não adianta tentar fugir.
De carro com bebidas, de avião com drogas, de foguete com coisas pesadas demais.
Pesadas demais. Mas leves comparas à sua consciência. É dela que foge.
Quer viver com consciência da sua vida. Quer viver sem consciência na sua vida.
E ela vai lhe pegar. Na sua ressaca, no seu leito ou na sua cadeira de balanço.
O tempo acabou. A vida passou.
Há uma questão para ser respondida.
Dopado demais para adivinhar qual seria.
A vida acabou. O tempo passou.
Seus planos já estão todos atrasados.
Seus projetos são as coisas que não fez por estar enrolado.
O ano acabou. A semana passou.
Sua resolução de ano-novo já se desfez.
Seu reflexo continua o mesmo que daquela vez.
Criou novos vícios para se livrar dos antigos.
Insatisfeito, se enchendo de prazer.
Não, não adianta correr. Não adianta tentar fugir.
De carro com bebidas, de avião com drogas, de foguete com coisas pesadas demais.
Pesadas demais. Mas leves comparas à sua consciência. É dela que foge.
Quer viver com consciência da sua vida. Quer viver sem consciência na sua vida.
E ela vai lhe pegar. Na sua ressaca, no seu leito ou na sua cadeira de balanço.
O tempo acabou. A vida passou.
Há uma questão para ser respondida.
Dopado demais para adivinhar qual seria.
A vida acabou. O tempo passou.
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
domingo, 23 de janeiro de 2011
Agora, que muito já foi dito, que muito já foi falado.
Aqui, que muito já foi visto, que muito já foi revisado.
Não há nada de novo nesse mundo novo.
Já esvaziaram o significado de tudo.
E espremeram de todos os modos as palavras.
Tudo já ocorreu.
Já evoluíram, já revolucionaram.
Os escritores morreram, suas palavras ficaram.
Falando de cada assunto.
Até esse já foi, se não antes agora, falado.
Aqui, que muito já foi visto, que muito já foi revisado.
Não há nada de novo nesse mundo novo.
Já esvaziaram o significado de tudo.
E espremeram de todos os modos as palavras.
Tudo já ocorreu.
Já evoluíram, já revolucionaram.
Os escritores morreram, suas palavras ficaram.
Falando de cada assunto.
Até esse já foi, se não antes agora, falado.
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
Lá estava uma mulher, chorando, gritando coisas ininteligíveis ora para o celular, ora para um interlocutor invisível. Com atenção distinguia-se na fala desvairada algumas palavras. "Fome" "Pão" "Monstra". Chorava e gritava, apertando algumas teclas no telefone e falando com alguém, olhando para o lado e falando com ninguém. A repetição traz um pouco de clareza ao que ela enunciava desesperadamente. "Um pão por dia pra matar minha fome, aquela monstra." Sentada num degrau de um estabelecimento já fechado. Ele observava tudo calado da porta de sua varanda, logo em frente. Só olhava. Quieto. Silencioso. Com aqueles fixos e indiferentes olhos. Continuou olhando, vendo algumas pessoas passarem e se assustarem com a mulher. Vendo elas passarem e nem o perceberem. Agora observava só com um olho, a porta deixando uma pequena fresta, o rosto colado na outra parte da porta. Apenas um olho observando. Apenas meia boca sorrindo. Assim que sorriu, recuou devagar, não queria mover a porta, nem para frente, nem para trás. Passeou um pouco em casa e riu de seus pensamentos. Voltou para a fresta. A mulher não estava mais lá. Esperou. Começou a abrir a porta, viu uma cabeça, parou, esperou, a cabeça se voltou para o lado de onde estava vindo e para lá foi. Ele saiu para a varanda. Olhou ao redor. Na avenida, uma mulher apareceu em sua própria varanda e reclamou com alguns meninos na rua que estavam badernando. Um deles a xingou. Ela vai citando os nomes, falando que sabe onde eles moram, que a polícia vai saber onde bater; ameaçando-os. Uma voz de mulher velha e rabugenta se eleva e pergunta pra ela o que está acontecendo. Ela fala reclamando, normal. A velha grita algo sobre meninos desocupados e que deveriam caçar serviço, "Esse bando de sem mãe." Ele fica olhando indiferente, com os mesmos olhos indiferentes. Finalmente olha para cima, para a lua; o que queria fazer desde o início. Seus olhos ficam grandes e brilhantes. Com um brilho de desejo, de ambição, de loucura. Sorri para a lua. Entra em casa e fica pensando. Vários minutos se passam até que volte para a varanda e olhe para o céu. A lua está mais alta agora. E ele a olha, um olhar de silenciosa admiração e ele em silenciosa contemplação. O rosto sereno. Entra novamente na casa, dessa vez puxando a porta e girando a tranca. Trancando a porta.
Meus olhos continuam ardendo quando os fecho e a cada vez se torna mais difícil abri-los. Eu os fecho firme e encaro a escuridão. Ela se dissipa. Uma noite meio cinzenta, iluminada pela lua crescente. Vejo as lápides. Identificadas por números e com uma data, nada mais. Seis delas numa fileira horizontal, outras seis enfileiradas na frente. A última tinha a data de hoje."Você veio se despedir, não é?" - um jovem, sem camisa, apoiado em uma pá, limpando o suor do rosto com o braço e sorrindo pra mim - "Você sempre vem." Um velho e uma criança estavam ao lado dele. Pareciam parentes mas mantinham uma distância amigável. Um outro homem apoiava-se na primeira lápide. Ao menos aquele contorno parecia pertencer a um homem... Sua quietude me incomodava, parecia ser somente o que se podia ver, uma sombra."Venha" - o jovem estende a pá para mim - "deixo você jogar a última pá de terra, como de costume." Abro os olhos. O ônibus para, já é meu ponto. Por sorte tem várias pessoas descendo, o que me dá tempo para sair também. Desço e sumo na multidão.
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
Amanhecer
Há tempos não via o nascer do sol. Na verdade, acho que esse foi o primeiro que vi completo. Estávamos lá, eu e meu irmão. Depois de uma comprida madrugada com curtos comentários sobre as pessoas e longas pausas para risadas - desde o cara gordo caindo da corda ao cara tendo sua cabeça esmagada por uma máquina de escrever. Banho, café da manhã, mijar na grama e assistir o sol nascer. "É diferente, mas podia ser." O dia estava sereno demais para urinar na grama e, além disso, já tinha visitado o banheiro. O dia estava nublado demais para o sol aparecer, nasceu em uma cesária qualquer por aí.
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
-Por favor, deixe ele ir.
-Quem disse que estou disposto a negociar?
Bang. O corpo tomba sem vida para o lado.
-Por que fez isso? - Começa a chorar e apoia-se no então cadáver - Você não precisava matá-lo - Vira-se, esperando uma resposta.
Tudo que ela vê é um sorriso na cara e a insanidade nos olhos.
-Por que? - Recomeça o choro.
Bang.
-Quem disse que estou disposto a negociar?
Bang. O corpo tomba sem vida para o lado.
-Por que fez isso? - Começa a chorar e apoia-se no então cadáver - Você não precisava matá-lo - Vira-se, esperando uma resposta.
Tudo que ela vê é um sorriso na cara e a insanidade nos olhos.
-Por que? - Recomeça o choro.
Bang.
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
O corpo gelado e os olhos quentes... Há quanto tempo não era assim? Tremendo de frio. Gélida, a água escorre. Algumas gotas aquecidas. A boca aberta num grito mudo, ninguém para ouvir. A unha encontrando a carne. Não vai mudar nada além da aparência. Chega a dar pena. Até o corpo se acostumar com o frio, ou não se importar mais. A carcaça gelada, o interior silencioso. A pele alva, os olhos determinados. A que?
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
Nunca... Sempre tive certeza e precisão na hora de matar. Nunca antes tão impreciso.(Ou estava incerto apenas? O corte até que ficou bonito...) Certeza eu tinha. Merecia morrer tanto quanto os outros que matei. Por que? Não sei... Ele matar é um bom motivo? Foi por isso que matei os outros? Mais força na faca, isso. Agora vai sangrar mais rápido. Isso é cruel? A morte dos outros foi rápida... De qualquer forma, estará acabado em breve. Ouço sirenes ao fundo. O sangue escorre livremente. Perde o brilho. O azul e vermelho se alternando se embaçam e param. Um policial desce, parece olhar e virar o rosto, pegar o rádio e começar a falar algo sobre minha casa... Parei de ouvir... E parei de ver.
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
domingo, 2 de janeiro de 2011
sábado, 1 de janeiro de 2011
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